O curto-circuito duplo no sistema de transmissão de energia que deixou 6 milhões de pessoas sem luz em 13 Estados, anteontem, aconteceu três minutos depois de o Sul do país ter atingido o pico de demanda de eletricidade. Para especialistas, o curto espaço de tempo entre os dois episódios indica que o recorde no Sul foi determinante para a queda no sistema, uma vez que ele é interligado e a região vem sendo abastecida por carga significativa vinda do Norte, resultado do nível baixo de água nos reservatórios de Sudeste e Sul.
Às 14h de terça-feira, o Sul registrou a carga instantânea recorde de 17.412 MW, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Às 14h03, ocorreu o curto-circuito duplo, que ocasionou a saída de duas das três linhas que interligam os sistemas Norte e Sudeste/Centro-Oeste, no trecho que passa pelo Estado do Tocantins, entre as cidades de Colinas e Miracema.
Com a sobrecarga, a terceira linha desligou-se, obedecendo a mecanismo de segurança, segundo o ONS. "É muito grande a probabilidade de os eventos estarem relacionados", diz o professor Ennio Peres, da Unicamp. "Sistemas operando no limite apresentam mais falhas."
O professor Reinaldo Castro Souza, da PUC-Rio, disse não ter dúvidas sobre as relações de causa e consequência. "É um problema causado pelo excesso de consumo."
O ONS descarta a relação entre os dois eventos. Está prevista para hoje uma reunião entre o órgão, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e as concessionárias de geração e transmissão envolvidas para discutir as causas do apagão. As linhas em curto são da Intesa, controlada por um fundo de investimento do BTG Pactual, e da Taesa, controlada pela Cemig. As empresas não comentaram a falha.
(Folha de São Paulo)
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