Na semana passada, Dilma Rousseff disse à versão nacional do jornal "El País" que haveria uma revisão do PIB do ano passado de 0,9% de crescimento para 1,5%. Deu um tiro no pé daqueles.
Incorreu na suspeita de ter vazado informação sigilosa. Mesmo nos anos petistas, que esculhambaram ainda mais a pouca decência existente no trato da coisa pública, o IBGE ainda era visto como órgão sério.
Foi pior: passou vergonha, já que o dado estava errado, era de 1%. O culpado óbvio seria o ministro Guido Mantega, que a teria informado baseado em reportagens ou em chutes mesmo. Era melhor procurar um mordomo --mas estes andam em falta no Ministério da Fazenda.
Como estamos no Brasil, ficou por isso. Se o governo pode manipular a política de preços da Petrobras a ponto de ameaçar o futuro da empresa e não existe quem defenda seus acionistas minoritários, de fato estamos falando de um mero deslize.
A lambança na definição da política de preços dos combustíveis e consequente efeito na Petrobras, o PIBículo e a erosão da área fiscal fazem políticos e empresários perguntarem por que Mantega segue no cargo. A resposta é simples: porque a economista-chefe do governo é Dilma.
Como ela disse sobre o programa de concessão, "o modelo, meu querido, é meu". Tanto o é que fica proibido de ser chamado de privatização, embora o seja, como demonstrou Gustavo Patu em seu blog na Folha.
Sempre criticado pelo empresariado e entre aliados na área política, o centralismo de Dilma ficou ainda mais evidente neste ano. O resultado não é muito bom.
A recuperação de popularidade apontada pelo Datafolha e o adiantado do calendário eleitoral, contudo, não ensejam grandes mudanças na área econômica. O malabarista Arno Augustin (Tesouro) continuará dizendo que a culpa é da mídia. A conta, acreditam governistas e oposicionistas, só virá em 2015.
05 de dezembro de 2013
Igor Gielow, Folha de São Paulo
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