"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

"TIRO NO PÉ"

Na semana passada, Dilma Rousseff disse à versão nacional do jornal "El País" que haveria uma revisão do PIB do ano passado de 0,9% de crescimento para 1,5%. Deu um tiro no pé daqueles.
 
Incorreu na suspeita de ter vazado informação sigilosa. Mesmo nos anos petistas, que esculhambaram ainda mais a pouca decência existente no trato da coisa pública, o IBGE ainda era visto como órgão sério.
 
Foi pior: passou vergonha, já que o dado estava errado, era de 1%. O culpado óbvio seria o ministro Guido Mantega, que a teria informado baseado em reportagens ou em chutes mesmo. Era melhor procurar um mordomo --mas estes andam em falta no Ministério da Fazenda.
 
Como estamos no Brasil, ficou por isso. Se o governo pode manipular a política de preços da Petrobras a ponto de ameaçar o futuro da empresa e não existe quem defenda seus acionistas minoritários, de fato estamos falando de um mero deslize.
 
A lambança na definição da política de preços dos combustíveis e consequente efeito na Petrobras, o PIBículo e a erosão da área fiscal fazem políticos e empresários perguntarem por que Mantega segue no cargo. A resposta é simples: porque a economista-chefe do governo é Dilma.
 
Como ela disse sobre o programa de concessão, "o modelo, meu querido, é meu". Tanto o é que fica proibido de ser chamado de privatização, embora o seja, como demonstrou Gustavo Patu em seu blog na Folha.
 
Sempre criticado pelo empresariado e entre aliados na área política, o centralismo de Dilma ficou ainda mais evidente neste ano. O resultado não é muito bom.
 
A recuperação de popularidade apontada pelo Datafolha e o adiantado do calendário eleitoral, contudo, não ensejam grandes mudanças na área econômica. O malabarista Arno Augustin (Tesouro) continuará dizendo que a culpa é da mídia. A conta, acreditam governistas e oposicionistas, só virá em 2015.

05 de dezembro de 2013
Igor Gielow, Folha de São Paulo

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