Segundo a associação nacional de shoppings centers, foram registrados 203 roubos em cinco anos; alvo preferencial dos bandidos são joalherias
Fachada do Shopping Plaza Sul, assaltado na tarde de domingo (Felipe Cotrim)
Na última segunda-feira, um grupo de seis assaltantes entrou sem ser notado pela segurança do Shopping Plaza Sul, no bairro da Saúde, em São Paulo, e roubou a loja Surfer’s Paradise. A ação durou quatro minutos e deixou ferido um policial militar que estava de folga no local e tentou deter a fuga dos assaltantes. Os ladrões levaram 30.000 reais em dinheiro e mercadorias. A cena poderia caracterizar mais um caso de roubo na maior cidade do Brasil, não fosse uma alarmante estatística: nos últimos cinco anos, foram registrados 203 assaltos em shoppings centers no país – um estabelecimento a cada nove dias –, segundo dados da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).
A vendedora Caroline Arena, de 34 anos, estava em seu primeiro dia de trabalho quando os ladrões a surpreenderam na loja. “Eles fingiram que estavam comprando e depois anunciaram o roubo, sem nenhum receio”, afirmou. Localizado em um bairro de classe média, o Plaza Sul registrou quatro roubos nos últimos três anos. “Você investe um valor alto no aluguel da loja e acha que está seguro, mas acontece um episódio desses e volta a sensação de insegurança”, afirmou Adriana Pasculli, dona da loja. “Os ladrões entraram falando para os meus funcionários não acionarem o botão de pânico, ou seja, eles já sabiam que existia a ferramenta.”
Adriana afirma que não pensa em deixar o local, mas admite que o episódio levou à reflexão: “Hoje em dia, minha loja de rua dá mais lucro do que esta que tenho no shopping. Em cinco anos de funcionamento, não foi assaltada”.
O Plaza Sul informou que investiu mais de 2,7 milhões de reais em segurança neste ano. Segundo o superintendente de operações do shopping, os "lojistas recebem manuais de procedimentos em segurança". No último assalto, a dona da loja de artigos para surfe, que estava no andar superior, acionou a polícia pelo telefone.
Em dois dias seguidos do mês de julho, dois grandes shoppings da capital paulista foram alvos de bandidos: uma loja do Shopping Pátio Paulista, na região central de São Paulo, e uma joalheria do Shopping Morumbi, na Zona Sul. Nos dois casos, o valor do prejuízo não foi divulgado.
O Shopping Ibirapuera, também na Zona Sul de São Paulo, registrou duas ocorrências: assaltantes invadiram o estabelecimento e roubaram a mesma joalheria. A quadrilha, formada por cinco integrantes, foi presa em agosto.
Segundo o diretor de relações institucionais da Alshop, Luis Augusto Ildefonso, a maioria dos roubos não acontece em dias de grande movimento. “Os ladrões acabam escolhendo dias mais vazios. No Natal e Dia das Mães, por exemplo, é mais difícil acontecer grandes assaltos”, afirmou. “É como diz o ditado, a ocasião faz o ladrão. Não é o fato de ser um Cidade Jardim, um Iguatemi ou um Barra Shopping, no Rio de Janeiro. Se o ladrão achar que está bom para ele, vai invadir.”
Monitoramento – De acordo com a Alshop, há três tipos de administração de segurança em shoppings: o monitoramento próprio (usado principalmente em pequenos centros comerciais), administração terceirizada (utilizada em estabelecimentos de médio e grande porte) e a administração terceirizada combinada com um corpo próprio de gerência. A entidade aponta essa terceira modalidade como a ideal atualmente. “Nesse sistema há um comando interno do shopping com gerentes especializados e uma equipe de empresa terceirizada devidamente treinada para atuar”, afirmou Idelfonso.
Para Ricardo Napoli, diretor operacional da empresa de segurança Haganá, outra estratégia eficaz de prevenção de crimes são os seguranças à paisana. “Eles se infiltram na massa, no sentido de identificar quem esteja fazendo levantamento de dados ou esteja a ponto de uma ação criminosa de fato", disse. Segundo ele, os centros de compras deveriam investir mais em vigias e não em controladores de piso, cuja função é apenas orientar clientes que buscam informações. “Esses profissionais só dão orientação e não tem a visão específica de um vigia, que são preparados para evitar e agir em situações de assaltos”.
O especialista em segurança afirma que os seguranças só devem estar armados na área externa dos shoppings, principalmente nos estacionamentos. "Devem ser usados também motocicletas, rondas a pé, homens equipados e treinados, além de câmeras. É imprescindível minimizar e controlar os acessos que servem como rota de fuga.”
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que não tem o número de assaltos a shoppings no Estado em 2013, mas disse que a “Polícia Militar reforça o patrulhamento dos locais com maior fluxo de pessoas, como shoppings, regiões de comércio popular” durante o período de compras de final de ano.
02 de dezembro de 2013
Letícia Cislinschi - Veja
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