Katie Harbath: "Não vim ao Brasil falar de Marco Civil", diz diretora de políticas públicas do Facebook. Executiva afirma que veio ao país para ajudar líderes a usar rede. Empresa é contra projeto de obrigar empresas a manter data centers em território nacional
Katie Harbath, diretora de Políticas Públicas do Facebook (Divulgação)
Diretora de políticas públicas do Facebook, a americana Katie Harbath, de 32 anos, desembarcou nesta semana em Brasília. Sua inusitada missão oficial: oferecer a políticos brasileiros — incluindo a presidente Dilma Rousseff – um treinamento com o objetivo de capacitar os líderes a explorar o potencial da rede social.
Katie tem no currículo uma intensa experiência junto aos poderosos. Antes de ser recrutada por Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, para juntar-se às filas da rede, ela comandava as estratégias digitais do Partido Republicano no Senado americano.
A visita ao Brasil ocorreu às vésperas da votação no Congresso Nacional do Marco Civil da internet, projeto de lei que pretende disciplinar a web brasileira e que pode incluir em seu texto medidas que afetam diretamente o Facebook, como a obrigatoriedade de gigantes da rede instalarem no Brasil data centers.
Segundo Katie, foi pura coincidência. "Não vim ao país falar de Marco Civil. Minha visita está relacionada ao treinamento de políticos brasileiros", diz a executiva. Confira a seguir a entrevista que ela concedeu a VEJA.com.
O que a senhora veio tratar com a presidente Dilma Rousseff e outros políticos brasileiros?
O Facebook tem uma missão de tornar o mundo mais aberto e conectado. Faz parte disso aproximar cidadãos de seus governantes. Fizemos uma reunião com o gabinete digital da Presidência e também com outros líderes para falar sobre o uso da rede.
Nas próximas semanas, a Câmara dos Deputados deve votar o Marco Civil, projeto de lei que pretende disciplinar a web brasileira. A senhora tratou disso com a presidente?
Não. Não vim ao país falar de Marco Civil. Minha visita está relacionada ao treinamento de políticos brasileiros. Essas instruções são práticas comuns na companhia. Neste ano, por exemplo, visitei também Canadá, Alemanha, Austrália e Índia.
Como é o treinamento?
Basicamente, apresento as melhores práticas sobre o uso do Facebook no universo político e ofereço orientações sobre como ampliar, por exemplo, o engajamento com o público. Por aqui, tenho um parceiro, o gerente de relações governamentais do Facebook, Bruno Magrani [contratado em julho]. Ele é o responsável por conversar com líderes do governo e realizar esse tipo de treinamento no país.
Que orientações a senhora deu aos políticos brasileiros?
Falamos, por exemplo, sobre a frequência de postagem na rede. O ideal é que os políticos publiquem um conteúdo por dia, de preferência entre 21h e 23h, intervalo em que a maioria dos usuários está conectada. Outra instrução compartilhada foi a de manter uma sessão de perguntas e respostas dirigida aos cidadãos.
Qual o papel da rede para o mundo político brasileiro?
Boa parte do eleitorado acessa o Facebook: hoje, 76 milhões de pessoas estão cadastradas no país. A plataforma deve ser entendida como um canal de comunicação e relacionamento entre políticos e eleitores. É, sobretudo, um canal com diálogo constante com a sociedade.
Recentemente, a presidente Dilma voltou a usar o Twitter, após três anos de abandono do perfil. Qual é sua opinião sobre o retorno dela ao microblog?
Aos poucos, os políticos brasileiros estão amadurecendo no uso das redes sociais. Posso falar sobre o Facebook. Muitos já passaram da fase inicial de criação de uma página. O próximo passo é a criação de uma estratégia para manter uma presença constante na rede.
25 de outubro de 2013
Rafael Sbarai - Veja
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