Afetada pela variação do câmbio, a Petrobras deve registrar queda de até 27,9% em seu lucro líquido entre julho e setembro deste ano, de acordo com analistas. O balanço no terceiro trimestre será anunciado hoje depois do fechamento do mercado financeiro. As previsões apontam ganhos entre R$ 4,47 bilhões e R$ 5,81 bilhões no terceiro trimestre. No segundo trimestre deste ano, o lucro foi de R$ 6,201 bilhões. Já no terceiro trimestre de 2012, o resultado foi de R$ 5,567 bilhões.
- O câmbio não está favorável. Mesmo a empresa tendo adotado contabilidade de hedge, não foi suficiente, pois ela não protege 100% da variação do dólar. No segundo trimestre, houve um aumento das importações, elevando, assim, os seus custos com as mercadorias vendidas no Brasil - disse Ribeiro.
Como a Petrobras não consegue repassar para o mercado interno o valor dos combustíveis que compra no exterior, a estatal acumula perdas estimadas em R$ 3,4 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, último dado disponível. Só entre julho e agosto, houve perdas de R$ 702,8 milhões. O cálculo é do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE). No terceiro trimestre deste ano, aponta o CBIE, a defasagem média da gasolina foi de 23,3% e de 23,7% no óleo diesel.
Além da defasagem de preços, a Petrobras também deve ter uma produção média menor no terceiro trimestre, lembram os analistas. A Um Investimentos aponta recuo médio de 1% na produção. Dessa forma, os analistas estimam uma menor geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, entre julho e setembro. Pedro Galdi, analista da SLW, projeta uma geração de caixa operacional entre R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões. A Ativa espera um resultado de R$ 17,2 bilhões; e o Bradesco, de R$ 16,6 bilhões. No segundo trimestre deste ano, o Ebitda foi de R$ 18 bilhões. Já em relação ao terceiro trimestre do ano passado, quando o Ebitda foi de R$ 14,3 bilhões, é esperada uma alta por conta do impacto dos reajustes dos combustíveis feitos no início deste ano.
- Há uma pressão por conta das importações neste terceiro trimestre, já que a empresa perde ao vender mais barato do que compra no exterior - diz Galdi, da SLW.
Em relação à receita de vendas, os analistas esperam alta. A mediana, segundo a Bloomberg, é de R$ 78,7 bilhões, maior que os R$ 73,6 bilhões do segundo trimestre e os R$ 73,7 bilhões do terceiro trimestre do ano passado. Segundo analistas, o resultado é influenciado pelo maior volume de vendas dos derivados no país.
- Num primeiro momento, a venda de derivados contribui para a maior receita, mas, em seguida, afeta a operação da companhia, já que ela não consegue repassar as diferenças (de preços) para o mercado interno. Assim, a área de abastecimento continua contribuindo negativamente para o resultado. Com a nova contabilidade, ficou mais difícil de estimar os ganhos. Porém, a previsão é otimista, pois a presidente (Maria das Graças Foster) está conseguindo reduzir os custos e aumentar a eficiência. Os resultados serão mais visíveis a partir do último trimestre deste ano e em 2014 - disse Marcelo Torto. - O resultado da Petrobras vem negativo, com produção menor e o impacto do câmbio.
25 de outubro de 2013
Bruno Rosa - O Globo
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