Investimentos em tecnologia e definição de prioridades da agenda brasileira são questões essenciais para o crescimento do país, diz presidente da Accenture
Fábrica de computadores da Positivo, em Curitiba (Marcelo Almeida/EXAME)
A burocracia, a educação de má qualidade e a infraestrutura deficiente são os empecilhos mais evidentes ao desenvolvimento do Brasil. Mas a lenta expansão tecnológica e a falta de planejamento do governo para escolher prioridades também têm impedido – e muito — a melhora da produtividade brasileira. A avaliação é do presidente da consultoria Accenture no Brasil, Roger Ingold.
O executivo palestrou em evento promovido pela revista britânica The Economist em São Paulo, nesta quinta-feira. Em seu discurso, afirmou que a falta de clareza e transparência sobre as metas e prioridades do Brasil acaba atrapalhando o planejamento público e, consequentemente, afetando o setor privado. “Hoje o governo está tentando fazer tudo ao mesmo tempo e sem discernimento”, afirma. Ele avalia que as lideranças deveriam escolher projetos em áreas que são realmente importantes, executá-los e acompanhar seu andamento.
O pacote de concessões anunciado pelo governo, que prevê obras em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, é a antítese do que Ingold sugere. Os planos não são interligados e executá-los se mostra missão quase impossível pela falta de detalhamento técnico nos estudos de viabilidade. “É preciso ter mais clareza sobre o que queremos e responder à pergunta ‘para onde nós vamos?'”, defende Ingold. Ele afirma que é preciso deixar claro aos investidores em quais áreas o país avançou, em quais está tendo dificuldade e onde o governo está errando.
O executivo da Accenture ilustrou seu argumento com um trabalho feito por sua empresa para o aeroporto de Guarulhos. O pedido, segundo Ingold, foi para a consultoria desenvolver um projeto para melhorar a produtividade apenas da gestão do aeroporto, sem mexer na construção física ou na parte tecnológica. O resultado foi uma diminuição de 36% na evasão de passageiros em apenas três meses, além de melhorias físicas na gestão das áreas de embarque e desembarque.
25 de outubro de 2013
Naiara Infante Bertão - Veja
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