Do ponto de vista histórico, devemos buscar as raízes do pensamento marxista na economia política inglesa, no socialismo utópico francês e no materialismo histórico alemão. Causa perplexidade observar como é possível que em 2013 uma ideologia tão distante das fundações do Brasil possa fazer sucesso tão grande por aqui.
Talvez mais adequado seja perceber que nada daquilo que escrevi no início do texto chega até a sociedade brasileira da forma original. A noção do Estado interventor na economia, a ideia de um regime messiânico e a proposta de um entendimento científico da realidade adquiriram no nosso país cores muito mais suaves.
Governa-se através de lemas. Administra-se por meio de slogans. Vivemos no Brasil o império da baixa cultura, do senso comum, da vulgaridade e da redução do pensamento aos níveis mais primitivos capazes de firmar o necessário consenso – imperativo categórico dos Estados Totalitários.
Excluindo-se o ateísmo e a noção de que a história tenha regras próprias – tão caros ao materialismo dialético, é possível afirmar que a “nova realidade”...o “novo mundo” que o Partido dos Trabalhadores trouxe ao Brasil adapta-se de forma patética aos velhos princípios de intervencionismo estatal inglês e as noções quase religiosas de Saint-Simon a respeito da “sociedade ideal”.
É muito triste perceber que, nesse processo de distorção-modernização, o Catolicismo brasileiro prestou-se a um deplorável papel. Frei Betto, frei Leonardo Boff e tantos outros representantes da Igreja nos anos 70 e 80 contribuíram, e muito, para gênese dessa aberração política chamada Partido dos Trabalhadores. Uma vez garantido seu acesso ao poder, o PT conseguiu, através de planos como Bolsa Família, Cotas Raciais e agora o Mais Médicos colocar em prática tudo aquilo que padres que viam em Che Guevara um novo Jesus Cristo queriam.
Até certo ponto, não deixa de ser cômico ver a Igreja Brasileira inteira escandalizar-se com movimentos como a Marcha das Vadias ou as barbaridades protagonizadas pelos militantes gays no nosso país. Tivesse ela, Igreja, capacidade para reconhecer seus erros e assumiria abertamente a falta que foi permitir que a mensagem desses falsos profetas dos anos 80 chegasse aos fiéis.
Afirmo que, mais do que qualquer outro país que tenha vivido num regime comunista, o movimento revolucionário no Brasil fez uma união impressionante entre o Marxismo e a religião cujos efeitos estamos sentindo até hoje e cuja capacidade de transformar petismo em lulismo vai justificar a permanência do PT no poder durante muitos anos.
Declaro a urgência de que a Igreja brasileira manifeste-se abertamente contra a figura do ex-presidente. Peço que ela desfaça na cabeça e na alma simples do povo a confusão demoníaca que existe entre pobreza, sofrimento e boas intenções. Nada pode ser mais perigoso! Nada pode ser mais injusto!
Duvido existir algo mais necessário do que derrubar a idéia de que os “pobres são honestos e os ricos são corruptos”.Foi isso que elegeu o PT! É nisso que a população continua acreditando e se isso não mudar a vitória dessa gente em 2014 está, mais uma vez, garantida.
Não acreditem em campanhas pela internet nem percam tempo divulgando escândalos perante uma sociedade que opera com um nível cognitivo de crianças ...que sustenta-se – ela mesma – em noções maniqueístas fundadoras de uma cultura católica muito anterior ao advento do PT. Ou se faz isso; ou Lula há de continuar sobrevivendo como santo no inconsciente coletivo de uma gente que parece ter saído das páginas de Casa Grande e Senzala.
Meus amigos, a Igreja tem com o povo desse país uma dívida recente gigantesca. Ela permitiu aqui uma mistura demoníaca entre marxismo e religião que não tem precedente na história mundial. Sobre a vontade dela, Igreja, de corrigir-se afirmo que é “mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que nossos cardeais e bispos mostrarem a esse povo que o reino dos céus não vai ser no Brasil de Lula em 2015”.
25 de setembro de 2013
Milton Simon Pires é Médico.
Milton Simon Pires é Médico.
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