Um escândalo político nos moldes do mensalão petista não demora a estourar em Saramandaia (Globo, 23h). Nos capítulos finais da novela, que termina nesta sexta, o autor Ricardo Linhares se baseia em fatos recentes do país para demonstrar a evolução da mentalidade política na cidade de Bole-Bole, aproveitando bem o potencial cômico de algumas passagens.
Piada pronta, o caso dos dólares na cueca – envolvendo, em 2005, o deputado petista José Nobre Guimarães, cujo assessor foi flagrado num aeroporto de São Paulo com US$ 100 mil escondidos – foi recriado no capítulo da noite passada, com o farmacêutico Cazuza (Marcos Palmeira) fingindo receber propina do mandachuva Zico Rosado (José Mayer).
Trata-se do esquema de “mesadão”, para compra de votos na Câmara Municipal, na votação para mudança do nome da cidade, de Bole-Bole para Saramandaia – qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Com a empáfia típica dos que se acostumaram com a impunidade, Rosado diz que fará o que for preciso para impedir que Saramandaia vença e recomenda ao interlocutor: “Põe no bolso, na meia, na cueca.”
O que o corrupto não sabe é que Cazuza gravou a conversa com uma microcâmera, com autorização judicial – detalhe que rendeu um elogio ao Ministério Público, apresentado didaticamente como o órgão que investiga denúncias de corrupção. “A corruptice ativa do Zico Rosado será provada!”, comemorou o professor Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes).
25 de setembro de 2013
Patrícia Villalba - Veja
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