O título da matéria aqui na TI já dizia tudo: “Jogada ensaiada”. E como tal, é incompatível no Judiciário. Troca, barganha, negócio, favorecimento, toma lá dá cá e outras expressões do mesmo gênero não são admissíveis em Juízo. Ou os magistrados têm ou não têm o direito ao auxílio moradia. Se têm, esse direito que não é do ministro Fux mas de toda a magistratura nacional, não poderia servir de moeda de troca com o Executivo para a sancionar a lei que deu aumento aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Se não têm, idem.
Também não poderia ter a mesma destinação política nada ortodoxa que o STF e Temer adotaram, desastradamente. “Eu sanciono e você cassa a liminar que garantiu o auxílio moradia”.
FALTA O PLENÁRIO – E mais: a questão não está definitivamente resolvida. O auxílio moradia, que o ministro Fux, sozinho, deferiu através de liminar e depois cassou em troca da sanção presidencial do aumento do salário dos ministros do STF, tal auxílio (a liminar cassada unilateralmente) ainda depende de votação do plenário do STF. Fux foi apenas relator. Concedeu a liminar mantendo o benefício e depois cassou a mesma liminar, em troca da sanção. Mas todos os demais ministros precisam votar e decidir a questão.
Certamente haverá recurso contra a decisão do ministro Fux que num primeiro momento manteve o benefício e depois o revogou. Direito é direito. Ou se tem ou não se tem. Não pode servir de moeda de troca, ainda mais quando esse discutido Direito pertence a uma categoria a uma classe de trabalhadores, de servidores públicos. É Direito coletivo.
BATE NAS ONZE – Tudo indica que o autor da ação no STF que gerou na liminar concessiva de Fux e que depois foi cassada pelo próprio Fux, vai recorrer ao plenário e este poderá manter o auxílio moradia e o acerto “Fux-Temer” cai por terra. Aí teremos a sanção da lei que deu aos ministros aumento salarial e ainda o restabelecimento do auxílio moradia, que num primeiro momento o ministro Fux concedeu liminar para garanti-lo e depois voltou atrás e cassou a liminar, cessando o tal direito. E tudo isso sozinho.
Fux atuou pelos 11 de todo o time. De goleiro à ponta-esquerda.
28 de novembro de 2018
Jorge Béja
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