Se não desistir na última hora, Joaquim Barbosa assinará a ficha do PSB até sexta-feira. Depois de muitos balões de ensaio, sua filiação pode representar a primeira novidade de fato na corrida presidencial.
O ex-ministro do Supremo não é um outsider clássico. Embora nunca tenha disputado uma eleição, ele passou 11 anos na cúpula do Judiciário. Projetou-se como relator do processo do mensalão, que o transformou numa das figuras mais conhecidas do país.
BANDEIRA DE LUTA – O julgamento associou sua imagem à bandeira do combate à corrupção. Isso explica por que tantos partidos voltaram a cortejá-lo depois da Lava-Jato. O juiz implacável virou um produto disputado na prateleira eleitoral.
Barbosa foi sondado para ser vice de Marina Silva e Luciano Huck. Preferiu o PSB, onde vislumbrou a chance de assumir a cabeça de chapa. A sigla está à deriva desde a morte de Eduardo Campos. Agora pensa ter encontrado uma boia para se salvar do naufrágio eleitoral.
Há um ano, o Ibope incluiu o ex-ministro numa enquete sobre o potencial de voto dos presidenciáveis. Ele teve 24% de menções positivas — o que o credenciaria, em tese, a disputar uma vaga no segundo turno. Em janeiro, Barbosa apareceu com 5% no Datafolha. Apenas 14% disseram não votar nele “de jeito nenhum”.
POTENCIAL – Pesquisas qualitativas indicam que o ex-ministro tem potencial para tirar eleitores de Lula e de Bolsonaro. A questão é saber que discurso ele fará na campanha. O ideário econômico de Barbosa permanece um enigma. Ele se define como um social-democrata, mas nunca disse o que faria se assumisse o governo.
Numa rara entrevista, o ex-ministro contou ter votado em Dilma Rousseff em 2010. Mais tarde, definiu seu afastamento como um “impeachment Tabajara”. Se ele repetir essas opiniões como candidato, será curioso observar a reação de seus fãs à direita, que o idolatravam no papel de caçador de petistas.
04 de abril de 2018
Bernardo Mello Franco
O Globo
Bernardo Mello Franco
O Globo
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