Fraco politicamente e entrincheirado contra o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República, o presidente Michel Temer silenciou sobre a mais desafiadora mensagem já emitida pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.
Integrantes da cúpula das Forças Armadas reconheceram que a fala tinha a missão de “reforçar” posição contrária à revisão da prisão em segunda instância, mas negaram se tratar de chantagem.
Apesar das tentativas de minimizar o episódio, a fala de Villas Bôas elevou a crise em diversos graus e ampliou sobremaneira a pressão sobre o Supremo.
VERÃO PASSADO – Um integrante do STF fez questão de lembrar que foi a corte quem concedeu anistia aos militares e que, por isso, não há motivo para enxergar um gesto de intimidação ao tribunal.
Mas o ministro da Justiça do governo Lula, Tarso Genro (PT), diz que o comandante do Exército falou para a tropa. “É o início de uma tutela militar sobre o processo político. O resultado é imponderável. A besta do fascismo ficará mais excitada.”
E os seguidos apelos por serenidade reacenderam críticas à presidente do STF, Cármen Lúcia. No universo jurídico, a avaliação é a de que ela não baixou a temperatura das ruas e vai arcar com a consequência de ter levado a “praça para dentro do tribunal”.
A DEUS PERTENCE – Um ministro que é a favor da prisão em segundo grau diz que o jogo desta quarta-feira (4), quando começa o julgamento do caso de Lula, já está jogado. Para ele, pressões das duas alas da corte não levariam a mudanças de última hora. Em 2016, Rosa Weber foi contra a antecipação da pena.
Servidores, estudantes e profissionais liberais de Brasília receberam mensagens de WhatsApp com estímulos a vestir verde e amarelo nesta quarta-feira para, após o expediente, engrossar atos contra Lula.
04 de abril de 2018
Daniela LimaFolha (Painel)
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