O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu que se for mandado para a prisão, será “um preso político”, durante o lançamento do livro “A Verdade Vencerá”, nesta sexta-feira (dia 16), em São Paulo. “Se eles ousarem mandar me prender, estarão cometendo uma barbárie jurídica. E me tornarei preso político”, afirmou o ex-presidente (2003-2010), que esgota seus últimos recursos contra uma sentença de 12 anos e um mês de prisão, proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), de Porto Alegre, por corrupção e lavagem de dinheiro.
Em janeiro, a corte confirmou a condenação, decidida em julho passado pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro, que considerou Lula culpado de ter recebido um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, em troca de favorecer contratos da empreiteira OAS na Petrobras.
SEM CANDIDATURA – A confirmação da condenação deverá provocar a invalidação de sua candidatura às eleições de outubro, nas quais aparece como favorito.
No começo da apresentação do livro no Sindicato de Químicos de São Paulo foi feito um minuto de silêncio em homenagem à vereadora do PSOL Marielle Franco, morta a tiros na noite de quarta-feira na região central do Rio de Janeiro. “A morte daquela companheira fez com que surgissem milhares e milhares de Marielles. Não existe possibilidade fora da luta!”, disse Lula.
PALESTRANTE – A gritos de “Olê, olê, olá, Lula, Lula!”, o ex-presidente tomou a palavra depois de intervenções de jornalistas, políticos e intelectuais. Com ar de palestrante acadêmico, tirou o paletó e começou a discursar, andando de um lado a outro.
“O que está acontecendo com Lula é nada comparado com o que está acontecendo com o povo brasileiro”, afirmou, referindo-se a si próprio em terceira pessoa, arrancando aplausos da plateia.
“A verdade vencerá”, da editora Boitempo, compila entrevistas concedidas pelo ex-líder sindicato de 72 anos. “Estou pronto para ser preso”, diz em um trecho Lula, que se declara inocente. Ele afirma que não vai procurar asilo em outro país e que não sairá do Brasil.
PATRIMÔNIO – Em outros trechos, Lula repassa seu atual patrimônio que, segundo diz é composto por dois apartamentos de 60m2 e um terreno em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde forjou sua carreira sindical nos anos 1970.
Lula começará na próxima segunda-feira no Rio Grande do Sul uma caravana pelo sul do país. No primeiro dia visitará Bagé e Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, onde vai participar de um evento com o ex-presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica.
A caravana passará por 14 cidades e terminará em 28 de março em Curitiba, cidade em foi condenado no ano passado por Sérgio Moro e onde poderá ser preso se o TRF-4 rejeitar seus últimos recursos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em sua ignorância, Lula errou ao classificar sua próxima condição de cidadão. Ele pensa que será “preso político”, mas na verdade se tornará apenas “político preso”, e há uma diferença abissal entre as duas situações. (C.N.)
17 de março de 2018
Deu em O Tempo
(Agência France Presse)
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