"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

DEPOIMENTO DO PRINCIPAL CÚMPLICE COMPLICA AINDA MAIS A SITUAÇÃO DE GEDDEL

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Advogado mandou Geddel ficar calado no depoimentoustavo Ferraz, aliado do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) preso na sexta-feira por também ter manuseado os R$ 51 milhões apreendidos num ‘bunker’, admitiu em depoimento à Polícia Federal (PF) ter buscado dinheiro em espécie em São Paulo a mando de Geddel e entregue por um emissário do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Fontes com acesso ao depoimento de Gustavo afirmam que a admissão foi feita à PF no sábado.
Geddel e seu aliado foram presos preventivamente na sexta, em Salvador, por decisão da Justiça Federal em Brasília. Eles foram transferidos à capital federal no mesmo dia. Os dois estão no Presídio da Papuda. A PF encontrou impressões digitais de Geddel e Gustavo nas notas e no material que envolve o dinheiro. A apreensão dos R$ 51 milhões foi a maior já feita na história do país.
EM SILÊNCIO – Geddel decidiu ficar calado no depoimento à PF, segundo fontes ouvidas pela reportagem. Gustavo também não teria entrado em detalhes sobre o dinheiro, admitindo, porém, a busca de quantias em 2012, a mando do ex-ministro da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer. Na decisão da prisão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira reproduz o episódio sobre esta busca de dinheiro, apontada pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF).
Uma possível fonte dos R$ 51 milhões apreendidos, segundo o MPF, é a “retirada em espécie” a cargo de Gustavo num hotel em São Paulo, em 2012. Gustavo teria recebido dinheiro vivo de um emissário do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como suspeita a PF. O aliado de Geddel deu “auxílio direto e essencial” para a acomodação dos R$ 51 milhões no “bunker”, segundo o MPF.
Gustavo era diretor-geral da Defesa Civil da Prefeitura de Salvador desde janeiro deste ano, nomeado pelo prefeito ACM Neto (DEM). O aliado de Geddel, que também é do PMDB, foi exonerado do cargo após a prisão.
PROPINAS DE FUNARO – A PF e o MPF suspeitam ainda que parte da fortuna guardada por Geddel em “bunker” em Salvador era oriunda de malas e sacolas de dinheiro entregues pelo doleiro Lúcio Funaro, operador de esquemas de políticos do PMDB. A suspeita aparece nos relatórios que embasaram a nova prisão preventiva de Geddel.
Em nota divulgada na noite desta segunda-feira, o advogado de Geddel, Gamil Föppel, confirmou que seu cliente permaneceu em silêncio perante a PF, “em razão de ter sido impedido o acesso e a entrevista pessoal com os seus advogados constituídos”. “Em que pese a autoridade policial tenha informado que não realizaria a oitiva no dia 8 de setembro de 2017, tendo então o seu advogado voltado para Salvador, repentinamente decidiu por colher o depoimento, impedindo-se a participação da defesa técnica”, diz o defensor do ex-ministro na nota.
Föppel afirmou que não se manifestará sobre o depoimento de Gustavo “por não lhe ter sido franqueado acesso a tal documento, malgrado já tenha sido formulado o requerimento”. “Geddel irá refutar as consequências jurídicas que lhe são indevidamente imputadas, em momento oportuno, perante as autoridades competentes.“
MALAS PARA GEDDEL – No relatório em que pede a prisão do ex-ministro e de seu aliado, o MPF ressalta que já se levantava a possibilidade de ser encontrado dinheiro no “bunker” em razão de depoimento de Funaro à PF. O doleiro disse aos policiais ter feito várias viagens em seu avião ou em voos fretados para “entregar malas de dinheiro” a Geddel. “Essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar, localizado no aeroporto de Salvador, diretamente nas mãos de Geddel. Em duas viagens que fez, uma para Trancoso e outra para Barra de São Miguel, o declarante fez paradas rápidas em Salvador para entregar malas ou sacolas de dinheiro”, cita o depoimento transcrito pelo MPF.
O fato de os R$ 51 milhões terem sido apreendidos em caixas e malas reforçam a suspeita, segundo a Procuradoria da República no DF. “A forma como foram encontrados os valores, em caixas e malas, bem como a expressiva quantia corroboram as declarações do operador financeiro Lúcio Funaro, de que os valores transportados por Funaro tinham como destino o ex-ministro Geddel.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Ou Geddel é um perfeito idiota (e não aparenta ser, é apenas um covarde, um cagão) ou nosso amigo Antonio Santos Aquino tem razão quando levanta a hipótese de que os R$ 51 milhões não pertenceriam apenas ao ex-ministro, mas também a outros integrantes do “quadrilhão” do PMDB. E há um detalhe importante: como o apartamento estava cedido ao deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, a investigação devia começar por aí, não é mesmo?  Trata-se de uma famiglia unida. (C.N.)

13 de setembro de 2017
Vinicius Sassine
O Globo

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