"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

PIADA DO ANO: PADILHA DIZ QUE TEMER PODE "GOVERNAR PERFEITAMENTE" SEM O PSDB

BRASILIA, DF, BRASIL, 27-07-2017, 12h00: O ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, durante entrevista à Folha em seu gabinete, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***ESPECIAL*** ***EXCLUSIVO***
Pressionado, Padilha teve de recorrer à Piada
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirma que o Palácio do Planalto deseja a permanência do PSDB na base aliada, mas que é “perfeitamente possível” governar sem os tucanos. Em entrevista à Folha, o ministro diz que o governo está pronto para votar a denúncia por corrupção contra o presidente Michel Temer nesta quarta-feira (dia 2) na Câmara, mas reafirmou que cabe à oposição colocar o quorum necessário para a votação ocorrer.
Ele manda um recado aos deputados de partidos aliados que são a favor da denúncia e possuem indicados em cargos da administração federal: “Quem não quer ser aliado vota contra. Aí, o governo, ao exonerar (esses indicados), não faz mais do que corresponder a esse desejo de não pertencer à administração”.
Alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, Padilha diz ainda estar preparado para possível denúncia contra ele. Afirma não conhecer o operador financeiro Lúcio Funaro e minimiza preocupação com possível delação dele e do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Qual a estratégia para a sessão de quarta? O que o sr. acha que vai acontecer?
A estratégia é que a base de sustentação esteja preparada para votar. Se a oposição, que tem que fazer com que tenha 342 votos para poder pensar em votar, fizer um esforço para isso, poderemos ter o quorum.
Mas os partidos da base somam 411 deputados. O governo não tem 342 para botar em plenário?
Em tese, tem. Agora, sabemos que muita gente viaja, acaba não estando aqui todos os dias de votação. À oposição é que interessa, neste momento, reverter o resultado da Comissão de Constituição e Justiça, e não ao governo.
Há pelo menos 15 dias o Brasil inteiro sabe dessa data. O que justificaria deputados da base não aparecerem?
Cada parlamentar vai dar sua explicação se porventura não estiver presente aqui.
Isso não demonstra uma fragilidade da base?
A base vai muito no que diz respeito ao interesse do partido e do parlamentar naquele momento. Temos de ver qual será o interesse em haver uma presença maciça da base de sustentação do governo.
Qual sua conta para a votação?
Qualquer número é prematuro. Não sei. Por enquanto não falo em número.
O sr. diz “estamos prontos para votar, mas a oposição tem que dar quorum”. O governo trabalha, então, com a hipótese de não votar e ficar o mês de agosto pendurado nisso?
Quem trabalha com a hipótese de não votar é o plenário. O que talvez não seja possível é darmos todo o quorum apenas com os parlamentares do governo.
Mas não é o governo que tem interesse em derrubar esse assunto?
O governo derrubou na CCJ. O que hoje está em vigor é a rejeição da denúncia. Se hoje se cristalizar até 31 de dezembro de 2018, estará rejeitada a denúncia. Se a oposição nunca der quorum, hipótese que acho remota, vai fazer com que o governo tenha que fazer um esforço hercúleo para, sozinho, poder decidir sobre esta matéria.
A CCJ barrou a denúncia após o governo trocar membros dela e liberar emendas. É ético esse tipo de comportamento?
A troca de membros é absolutamente normal, rotineira e disciplinada pelo regimento interno da Casa. E as emendas, que são impositivas, têm de ser pagas. Tanto é que alguns dos maiores beneficiários são exatamente parlamentares da oposição. Quando se credita o valor das emendas para deputados do PT, PSOL e PC do B não se está comprando votos. Da mesma forma quando se credita o valor das emendas aos demais partidos.
E as exonerações de indicados por deputados que votaram contra o governo?
O governo é feito pelos aliados. Quem não quer ser aliado vota contra. E, aí, o governo, ao exonerar, não faz mais do que corresponder a esse desejo de não pertencer à administração.
Mas a denúncia é uma causa pessoal do presidente, não uma causa governista.
O chefe do Executivo é o presidente da República. Se não fosse presidente, a matéria não estaria sendo submetida à CCJ e à Câmara. Como foi em relação ao presidente, foram adotadas essas práticas. E ele, como chefe do Executivo, adota as medidas que entenda que correspondam.
A PGR deve apresentar nova denúncia contra Temer até o final do mês. Uma vitória na quarta não seria uma falsa vitória?
Prefiro trabalhar diante de fatos. Nós temos a hipótese de termos que enfrentar uma segunda denúncia.
O senhor afirmou que o governo corresponde aos que não querem integrar a administração. A regra, no entanto, não parece valer para o PSDB. Metade da bancada vota contra e, mesmo assim, a sigla detém quatro pastas.
O PSDB é um partido que tem formalmente e majoritariamente apoiado o governo. É um aliado histórico desde a primeira hora do PMDB. Temos um processo em que o PSDB está tratando e deverá definir rapidamente como vai se posicionar.
É possível governar sem o PSDB?
Primeiro, nós queremos que o PSDB permaneça no governo. Na nossa visão, desejamos que permaneça. Mas temos de estar preparados para qualquer baixa que porventura tenhamos na base de sustentação do governo.
E se o PSDB decidir sair, haverá dificuldades?
Se o PSDB decidir sair, o que não desejamos, teremos de governar sem o PSDB.
É possível?
Eu penso que é perfeitamente possível.
Qual o limite da paciência do governo com o PSDB?
A paciência é, por enquanto, ilimitada. Nós temos de ter paciência para compreender nossos aliados e as suas circunstâncias, fazendo com que eles consigam cada vez mais aprimorar o apoio ao governo.
Líderes da base aliada dizem que a reforma da Previdência deve ficar para 2019.
Vamos incrementar nosso trabalho para reconstruir a base que tínhamos em 17 de maio [antes de eclodir o caso JBS]. A reforma tinha uma determinada perspectiva imediata de aprovação. São mais de 60 dias que nós vamos ter que retomar com muita energia para poder voltar às condições que nós tínhamos.
A última pesquisa do Instituto Datafolha mostra que a popularidade do presidente é de 7%. É possível colocar o Brasil nos trilhos, politicamente e economicamente, com uma popularidade tão baixa?
Pergunto: alguém imaginou que teríamos os indicadores econômicos que temos hoje? Há seis meses atrás, que seria possível ser tão positivo nós termos a inflação abaixo de 4%, termos o juro já com um dígito, caindo, a retomada do emprego? Na hora que a população sentir que estamos vivendo um novo momento sob o ponto de vista econômico, não tenho dúvida de que a popularidade do governo aumenta.
O sr. é alvo de alguns inquéritos da Lava Jato. Como vê a possibilidade de ser denunciado pela PGR?
Quem está sob investigação corre o risco de ser denunciado. Em havendo a denúncia, aí, então, tem que apresentar sua defesa e é o que nós vamos fazer. Para isso eu constituí advogado e ele saberá explicar no devido momento.
O sr. poderia falar das acusações de que intermediou o recebimento de recursos da Odebrecht, de propina?
Qualquer debate que fizer via jornal sobre este tema é prejudicial a mim e à minha defesa. Então, prefiro continuar não tratando.
Possíveis delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro preocupam o sr.?
Não. Absolutamente não. Não conheço o Funaro.
Há a versão de que o sr. participou da intermediação de um pacote de José Yunes.
Zero, zero. Eu não conheço Funaro. Nunca estive com ele.
E em relação a Cunha? O sr. sempre foi muito próximo politicamente”¦
Fui colega de Cunha como deputado da bancada do PMDB por vários anos. Nossa relação sempre foi de cunho político-partidária.
Rodrigo Maia está conspirando contra o presidente Temer?
Absolutamente não. Ele tem compromissos que são institucionais da função que desempenha. Não pode ser um líder do governo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Excelente entrevista, com Padilha pressionado o tempo todo, dando respostas lacônicas e evasivas. Muitas delas merecem concorrer à Piada do Ano, mas dizer que é “perfeitamente possível governar sem o PSDB” é mesmo uma anedota de primeira linha. (C.N.)

01 de agosto de 2017
Gustavo Uribe, Daniel Carvalho e Leandro Colon
Folha

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