O ex-ministro Antonio Palocci centrou fogo no seu sucessor na Fazenda, Guido Mantega. Nos primeiros depoimentos prestados ao Ministério Público Federal no acordo de delação premiada em negociação, o ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma acusou Mantega de repassar informações privilegiadas ao mercado financeiro sobre operações de juros e mudanças de câmbio. Segundo o que Palocci disse aos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, o esquema funcionava desde 2003, quando Mantega estava à frente do Ministério do Planejamento, e continuou, em 2004, quando ele assumiu a presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
Palocci ainda falou que Mantega teria levado vantagens nos programas de desoneração de impostos na indústria automobilística. O ex-ministro, entretanto, não chegou a detalhar quais seriam essas benesses. A delação já conta com 16 anexos. Os advogados dele acreditam que, com as informações prestadas, ganhará direito à prisão domiciliar. O Correio não conseguiu localizar Mantega nem seus defensores para comentar as acusações de Palocci.
MARQUETEIROS – Nas alegações finais apresentadas a Sérgio Moro, a defesa de Palocci também atribui a Mantega a responsabilidade por autorizar pagamentos ilegais da Odebrecht na conta do marqueteiro João Santana na Suíça. Sem citar expressamente o ex-ministro, os advogados destacam trechos do depoimento de Marcelo Odebrecht que atribuíram a Mantega a responsabilidade por gerir pagamentos endereçados ao PT a partir de 2011.
“Os valores constantes da planilha ‘italiano’ não eram destinados ao acusado, mas sim ao partido, de forma que, após Antonio Palocci deixar o governo, o montante passou a ser gerido por uma terceira pessoa”, disse, em referência indireta a Mantega, e destacando depoimento de Marcelo.
Neste processo também são acusados Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A força-tarefa da Lava Jato afirma que Palocci tinha uma “conta-corrente” de propinas com a Odebrecht. O ex-ministro foi preso na Operação Omertà, 35ª fase da Lava Jato, em 26 de setembro de 2016.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Caramba, a delação de Palocci já está com 16 anexos e ainda não vazou nada. Esta matéria de Paulo de Tarso Lyra traz um pequeno vazamento que já mostra o tamanho da encrenca. Com Palocci delatando Mantega (e Lula e Dilma e o resto da gang), logo teremos Mantega fazendo o mesmo. (C.N.)
17 de junho de 2017
Paulo de Tarso Lyra
Correio Braziliense
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