Espera-se a decisão do juiz Sérgio Moro – reportagem de Bela Megale, Marina Dias e Daniela Lima, Folha de São Paulo de terça-feira – sobre o pedido da Polícia Federal para que seja adiado o depoimento do ex-presidente Lula na Operação Lava-Jato. A Polícia Federal, de acordo com informações que possui, sustentou necessitar de mais tempo para garantir a segurança que poderia estar ameaçada com deslocamento de partidários do PT para Curitiba. Agiu objetivamente. Isso porque, se ocorrer tumulto no dia 3, a responsabilidade deslocar-se-á para a instância de Curitiba.
O depoimento, assim, seguirá o desenrolar previsto, com a Polícia Federal tomando as providências que considerar efetivas. A PF argumentou que precisaria de mais tempo para organizar a segurança na capital do Paraná, levando em consideração o feriado de 1º de maio. Sérgio Moro, acrescenta a Folha de São Paulo, deverá anunciar a medida nos próximos dias.
HÁ RISCOS – A cautela no caso se justifica na medida em que Sérgio Moro toma uma decisão à base da lógica para evitar qualquer interpretação no episódio que lhe transferisse uma dose de culpa por distúrbios, que não são prováveis, mas são possíveis de acontecer. Sobretudo porque Lula será perguntado sobre a questão da propriedade do apartamento do Guarujá em razão da denúncia de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Com base nas afirmações de Pinheiro, Lula é acusado de ser o proprietário do imóvel, versão sobre a qual o ex-presidente sustenta o contrário.
DOCUMENTOS – Leo Pinheiro entregou a Sérgio Moro documentos sobre a verdadeira propriedade. Aliás, um erro cometido por Lula foi o de negar a verdadeira face da questão. Afinal de contas, para um homem que foi eleito e reeleito presidente da República; não era nada de mais ser proprietário do imóvel. Da mesma forma, não se sabe porque ele oculta também a propriedade do sítio de Atibaia. Mas estas são outras questões.
O fato é que setores do PT estão articulando a ida de caravanas a Curitiba para realizar manifestação pública de apoio a Luiz Inácio da Silva. Quando manifestações assim ocorrem, sabe-se como começam, mas não se tem ideia de como acabam.
Se aceitar o pedido da Polícia Federal, o juiz transfere a responsabilidade do que vier a ocorrer para os próprios manifestantes e para a própria Polícia Federal. Nesta altura dos acontecimentos, o tumulto é o que menos interessa, não só a Moro, mas ao país.
26 de abril de 2017
Pedro do Coutto
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