"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 3 de março de 2017

DEPOIMENTO DE MARCELO ODEBRECHT AO TSE AGRAVA SITUAÇÃO DE PADILHA

A PERMANÊNCIA DO PEEMEDEBISTA NO GOVERNO É CONSIDERADA INCERTA

A PERMANÊNCIA DO PEEMEDEBISTA NO GOVERNO É CONSIDERADA INCERTA (FOTO: ELZA FIUZA/ ABR)

O depoimento de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) envolvendo Eliseu Padilha em tratativas para repasse de recursos para a campanha eleitoral de 2014 complicou ainda mais a situação do ministro-chefe da Casa Civil, que está de licença médica.

A permanência do peemedebista no governo é considerada incerta, apesar de assessores afirmarem que o ministro volta ao cargo na segunda semana de março. Padilha já enfrentava desgaste após o depoimento espontâneo do amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, o advogado José Yunes, ao Ministério Público Federal. O advogado afirmou ter servido de “mula involuntária” do ministro ao receber, em 2014, um “pacote” do lobista Lúcio Funaro, investigado pela Operação Lava Jato.

Na segunda-feira, 27, Padilha foi submetido, em Porto Alegre, a uma operação para retirada da próstata. A pressão no Planalto pela saída do chefe da Casa Civil aumentou e o nome do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, passou a ser cogitado para o cargo. Ele ocupou o posto no governo Fernando Henrique Cardoso.

No governo Temer, Padilha é o fiador da reforma da Previdência, uma das mais importantes bandeiras do Planalto, e tem papel importante na articulação política com o Congresso.

Sua ausência agravou o isolamento do presidente, que já perdeu auxiliares próximos como o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima e o próprio Yunes, além do atual líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR) – que era ministro do Planejamento e deixou o cargo em meio às investigações da Lava Jato. Além disso, o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, é outro amigo e auxiliar citado na operação. “Perder Padilha seria mais um duro golpe”, comentou um interlocutor do presidente.

Na busca por novos conselheiros, Temer embarcou nesta quinta-feira, 2, para São Paulo, onde se reuniu com o amigo e advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira. O presidente vai insistir com Mariz para que aceite assumir um posto dentro do Palácio do Planalto para ajudá-lo na condução política do governo.

Temer terá mais uma baixa na sua assessoria direta na semana que vem. Rodrigo Rocha Loures, outro amigo e assessor que o acompanha há anos, assume uma vaga na Câmara dos Deputados com a saída do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), nomeado novo ministro da Justiça. Mariz, então, poderia fazer o papel de conselheiro do presidente.

Processo

Após o depoimento de Marcelo Odebrecht, Temer e seus advogados ainda estudam qual estratégia seguirão para enfrentar as novas fases do processo que tramita no TSE. Nenhuma hipótese de ação está descartada e a ideia inicial continua sendo a de protelar ao máximo o processo, inclusive com a possibilidade de apresentação de recursos de toda a ordem, e até mesmo pedido de anulação dos depoimentos.

O argumento que foi levantado no Planalto é que o depoimento colhido de Marcelo Odebrecht foi a partir de uma questão ilegítima: o vazamento de uma delação que está sob segredo de Justiça. Mas este caminho ainda não está decidido.

Nesta quinta-feira, o presidente foi submetido a mais um constrangimento. O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba, formulou 19 perguntas a serem respondidas por Temer como testemunha de defesa na ação penal na Justiça do Distrito Federal que investiga a liberação de recursos do FI-FGTS por meio de pagamento de propina. Temer pretende respondê-las.

Em meio às turbulências, o presidente tenta estabelecer estratégias que impeçam que questões políticas interfiram na agenda econômica que ele se esforça para manter em pauta.

Nesta sexta-feira, 3, em São Paulo, além de conversar com Mariz, Temer pretende se reunir com empresários. O peemedebista considera a agenda econômica o verdadeiro ponto positivo de seu governo. Por isso, todo esforço é para garantir no Congresso a aprovação de matérias importantes como a reforma da Previdência – conduzida exatamente por Eliseu Padilha, agora combalido. (AE)


03 de março de 2017
diário do poder

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