"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

"QUEREM DILAPIDAR A ESTABILIDADE DO PAÍS" - DIZ JUCÁ SOBRE VAZAMENTOS

LÍDER DO GOVERNO CRITICA 'VAZAMENTOS SEMANAIS' DA LAVA JATO

'QUEREM DILAPIDAR A ESTABILIDADE DO PAÍS COM ESSES VAZAMENTOS SEMANAIS', DIZ JUCÁ (FOTO: ANTONIO CRUZ/ ABR)

O líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), prepara um projeto de lei para enquadrar o Ministério Público e o Judiciário em investigações contra agentes públicos, sob o argumento de que os prazos para inquéritos, hoje, não são respeitados. A ideia é criar o que ele chama de “fast track” nos julgamentos e limitar a duração das apurações.

Citado na delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, à força-tarefa da Lava Jato, Jucá negou retaliação, mas admitiu que é preciso blindar o governo da agenda negativa.

“Querem dilapidar a estabilidade do País com esses vazamentos semanais. Nesse clima de turba, de linchamento, de Revolução Francesa não dá para ninguém investir”, afirmou o senador.

A crise política parece não ter fim, a economia está em frangalhos e, desde as delações de executivos da Odebrecht, o ambiente é de incerteza. Como o governo sairá dessa agenda negativa?
O governo não pode ficar nessa agenda. Esse vazamento criminoso de uma delação não homologada foi uma reação para tentar criar um drama político. Soltaram uma bomba para atingir o governo, o presidente, o PMDB e o Senado. Não vamos entrar nesse jogo. Quem quiser parar o Brasil, que pare. Nós não vamos parar. Se a gente fosse engolir corda (levar isso em consideração), ia partir para a briga com eles, em vez de partir para votações.

Quem são eles?
Eles são os que pensam que podem mais do que a lei e a Justiça. É quem defende regime de exceção. Querem dilapidar a estabilidade do País com esses vazamentos semanais. Nesse clima de turba, de linchamento, de Revolução Francesa não dá para ninguém investir. Todos os regimes de exceção levaram à debacle econômica, ao retrocesso. A Operação Mãos Limpas também. Basta o pessoal ler história, e não Pato Donald.

O senhor está falando do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, do Ministério Público, do juiz Sérgio Moro ou de todos?
Não personalizo. Temos de acalmar a relação das instituições. O meu estilo é trabalhar pela convergência e entendimento. O presidente Michel Temer disse, em requerimento enviado a Janot, que vazamentos de supostas delações atrapalham a economia e pediu celeridade nas investigações. Mas a Lava Jato não tem prazo para terminar...Estou preparando um projeto para ter um “fast track” no julgamento de agentes públicos e dar prioridade (na pauta) de julgamento de agentes públicos, como ministros, secretários, prefeitos, governadores. Não tem sentido uma investigação durar dez, doze, quatorze anos.

Isso não é uma interferência em outro poder?
Não. Nós vamos criar normas que agilizem os procedimentos e julgamentos no Supremo Tribunal Federal, no Superior Tribunal de Justiça, no Tribunal Regional Federal.

Mas hoje já há prazo para o Ministério Público terminar uma investigação...
O prazo da lei, para investigação, é de 60 dias. Só que a lei é completamente desrespeitada. Então, se 60 dias é pouco, quero discutir com o Ministério Público qual é o prazo razoável e quanto pode ser prorrogado. Se tiver de ter um prazo maior, tem de ser bem justificado, sob pena de uma investigação ficar insepulta.

Isso não é uma retaliação, já que o senhor é investigado pela Operação Lava Jato?
Ao contrário. Estou querendo dar condições de o Ministério Público ou arquivar ou denunciar. Não estou dizendo que tem de arquivar nem que precisa ter decurso de prazo.

O ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que o senhor negociava medidas provisórias. Como responde
Ninguém tem condição de negociar medida provisória. Porque uma MP começa no governo, é decisão do presidente da República. Isso é discutido com a Fazenda e com a Receita, normalmente.

Tentar votar a lei do abuso de autoridade para punir juízes, procuradores e promotores não foi uma vingança?
Esse assunto estava adormecido e voltou porque, com esses vazamentos de supostas delações, prestaram um desserviço ao País. Mas o momento era inoportuno para votar esse tema. Não havia acordo. (O Estado de S. Paulo)


16 de dezembro de 2016
diário do poder

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