"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

CAOS SE ALASTRA PELO RIO DE JANEIRO E AMEAÇA CADA VEZ MAIS A REALIZAÇÃO DOS JOGOS OLÍMPICOS

(R. Moraes – Reuters)

Quando fizeram um protesto no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o velho Galeão, com faixas que exibiam a frase “bem-vindo ao inferno”, policiais e bombeiros do Rio de Janeiro tinham como objetivo não assustar os turistas que naquele dia desembarcavam na capital fluminense, mas deixar clara a situação de penúria em que se encontra um dos mais importantes estados da federação e que dentro de alguns dias sediará mais uma edição dos Jogos Olímpicos.

A gravidade que toma conta das finanças do Rio de Janeiro é tamanha, que a segurança pública, uma espécie de longevo calcanhar de Aquiles na administração estadual, ganhou dimensões inimagináveis. Com o crime organizado dominando cada vez a chamada Cidade Maravilhosa, causa espécie o fato de 58 policiais terem sido mortos em seis meses, o que dá uma média de um a cada três dias. Ou seja, um cenário de total descontrole por parte do Estado e que explica escalada da violência.

Longe de ter o modelo de segurança pública ideal, segundo prometeu o então presidente Lula em 2007, o Rio de Janeiro agora é palco de situação que beira o conformismo por parte das autoridades, já que a falta de recursos impede o pagamento em dia dos salários dos servidores, inclusive dos que deveriam combater os criminosos.

Como se a outrora capital brasileira fosse um faroeste a céu aberto, onde a lei é diuturnamente derrotada pelo banditismo desenfreado, ao menos dois integrantes do elenco artístico que participará da cerimônia de abertura da Olimpíada 2016 foram furtados dentro do Estádio Mário Filho, o Maracanã, durante os ensaios para o evento.

No último domingo (10), dançarinos faziam o primeiro ensaio dentro do Maracanã quando o crime se consumou. Diante da inexistência de local adequado para a guarda de pertences dos dançarinos, objetos foram retirados de bolsas que estavam sob a vista de agentes da Força Nacional de Segurança.

A organização da Rio 2016 orientou os dançarinos a não levar objetos de valor aos ensaios, que acontecem das 13h às 22h. Pois bem, se durante um ensaio, sem a presença de público, o que significa com um número reduzidíssimo de pessoas, esse tipo de crime ocorre sob os olhos de agentes de segurança, não é difícil imaginar o que acontecerá quando o Maracanã estiver repleto.

Como se fosse pouco, integrantes da Força Nacional de Segurança ameaçam deixar o Rio de Janeiro diante das péssimas condições de trabalho e de alojamento. Um dos agentes, que está no Rio especificamente para trabalhar na segurança do evento, postou nas redes sociais texto denunciando o “abuso” a que é submetido juntamente com colegas. “Estamos dormindo em colchão de ar, que tivemos que comprar, pois não nos forneceram beliches nem colchões”, escreveu o indignado integrante da FNS.

Fora isso, o governo atrasou o pagamento das diárias dos agentes de segurança, que estão hospedados de forma improvisada em uma unidade do programa “Minha Casa, Minha Vida” próxima a uma favela da Zona Oeste carioca, onde não têm água para tomar banho e infraestrutura para fazer comida.

Em suma, o inferno que os policiais fluminenses exibiram em faixas e cartazes, no Galeão, há muito ficou para trás, até porque lúcifer não suportaria situação de tamanha degradação. Enfim, alguém há de explicar os motivos que levaram as autoridades a essa sandice em que se transformou a realização de um evento esportivo tão importante quanto a Olimpíada.


15 de julho de 2016
ucho.info

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