"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

MELHOR QUE A ENCOMENDA

Uma eleição para a presidência da Câmara em meio a um dos momentos mais conturbados da política em que o País convive com dois presidentes da República _ um de fato e outra de direito _, com um processo de impeachment em andamento, crise econômica e investigações lavando a jato episódios de corrupção envolvendo políticos de alta patente, tinha tudo para dar errado para o lado do governo. No entanto deu certo. Mais certo que o esperado pelo Palácio do Planalto.

O preferido era Rogério Rosso que acabou perdendo de lavada para Rodrigo Maia. Dócil e novato em seu primeiro mandato de deputado federal, Rosso seria a garantia de uma relação de paz. Para não dizer de submissão aos interesses do Poder Executivo. Já Maia, dará mais trabalho. Não porque tenha ideias oposicionistas em relação ao governo. A questão é a personalidade do deputado dado a atritos e imaturidades. Mas, diante da situação, esse é o menor dos problemas.

Os maiores deles estão resolvidos: o sepultamento do mito da influência de Eduardo Cunha, a volta do chamado centrão ao seu real tamanho e importância (um ajuntamento de nulidades) e a retomada de um ambiente minimamente orgânico em decorrência da vitória de forças mais tradicionais e organizadas. PSDB, DEM, PSB, PPS e parte do PMDB ficaram com Rodrigo Maia e é esse conjunto que tende a prevalecer. E a esquerda que também ajudou? Aí reside a ironia, levando em conta que esse grupo é contrário ao governo Temer, prega a tese do “golpe”, mas contribuiu com ele fazendo o papel de verniz na candidatura Maia. Não terá tratamento hostil, não obstante as hostilidades que continue produzindo. Afinal, uma cereja não garante o sucesso da receita, mas melhora muito a aparência do bolo.



15 de julho de 2016
Dora Kramer, Estadão

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