"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 28 de maio de 2016

SE RENAN CONSIDERA JANOT MAU CARÁTER, O QUE DIZER DELE PRÓPRIO E DOS COMPARSAS?



Charge do Paixão, reprodução da Gazeta do Povo
















A contradição evidente, acredito, está sintetizada no título e sustentada na reportagem de Cristiane Jungblut, edição de sexta-feira, 27, de O Globo. O presidente do Senado afirmou que Rodrigo Janot é um mau caráter. Por quê? Pelo fato de levar à frente e enviar ao Supremo Tribunal Federal representações contra parlamentares e também ex-parlamentares envolvidos no mar de corrupção que levou à Operação Lava-Jato. Renan Calheiros não percebeu que suas conversas com o ex-diretor da Transpetro estavam sendo gravadas por este e deram margem a um ato de autoconfissão.
Para Renan, se Janot é um homem de mau caráter, que dizer dele próprio e de seu parceiro no diálogo Sérgio Machado?
O presidente do Senado não está sozinho nessa caracterização porque o senador Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney também caíram na armadilha montada por Sérgio Machado com o objetivo de utilizá-los como fatores básicos da delação premiada a que se propôs fazer e que foi aceita pelo ministro Teori Zavascki, relator do processo do STF. Totalmente deplorável, para não dizer repugnante, o comportamento dos quatro personagens.
ALIVIAR A PENA    
O que Sérgio Machado estava tentando alcançar era a aceitação de sua proposta no sentido de aliviar a pena a que provavelmente será condenado. Mas como em algum momento de sua iniciativa teve dúvidas que ela seria aceita ou não, resolveu torná-las públicas, visando com isso assegurar sua intenção, na medida em que tornou irreversíveis suas declarações.
Portanto, não há mais como rejeitar sua proposta , pois em tal hipótese o comportamento da Corte Suprema seria afetado.
CRIME ORGANIZADO       
A delação de Sérgio Machado vai integrar o processo amplo que se descortinou focalizando o crime organizado, isso mesmo, que se instalou no Brasil a partir dos últimos 13 anos. Digo treze anos porque Sérgio Machado ocupou o comando da Transpetro durante doze exercícios. Por aí pode se estimar o montante de dinheiro roubado da Petrobrás através de sua atuação, que se vê hoje como uma das maiores calamidades públicas que atingiram o país.
Calamidade pública, sim, porque é o único caminho capaz de explicar as razões da força de Sérgio Machado e de seu acesso a figuras políticas eminentes no contexto nacional.
Como Sarney acentuou num dos diálogos, quase todo elenco partidário está envolvido no sistema triplo de corrupção que coloca no mesmo plano empresários, políticos e intermediários das propinas. Observa-se também que a pressão do esquema de propinas, forte e constante, atinge integrantes do Ministério montado pelo presidente Michel Temer.
EXEMPLO DE VARGAS
Há, portanto, um dilema colocado à Nação. Como resolver o gigantesco problema montado por corruptos e corruptores presentes nos dois governos? Somente convocando-se novas eleições presidenciais diretas ainda este ano. Tal solução dependerá do Tribunal Superior Eleitoral, se anular o pleito de 2014 ainda este ano.
Que não se diga que não há tempo para essa solução. Basta lembrar que o ditador Getúlio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945 e as eleições foram convocadas e se realizaram normalmente no dia 2 de dezembro do mesmo ano.

28 de maio de 2016
Pedro do Coutto

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