Três delatores da Lava-Jato no Brasil fecharam acordo com a Justiça americana para prestar informações nos Estados Unidos sobre o esquema de corrupção na Petrobras: o ex-gerente da estatal Pedro Barusco e os empresários Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, e Júlio Gerin de Almeida Camargo, consultor. Todos obtiveram imunidade total e não pagarão multas.
A Corte de Nova York marcou para 19 de setembro próximo o julgamento das ações movidas por investidores americanos que compraram papéis da Petrobras e se sentiram lesados pela desvalorização dos papéis após o escândalo de corrupção revelado pela Lava-Jato. Os investidores pleiteiam indenizações que, somadas, podem alcançar até US$ 90 bilhões.
Os americanos deverão vir para o Brasil para ouvir outro dos delatores da Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef, que ainda não fechou acordo na Justiça americana por estar preso. Inicialmente, a intenção do doleiro era obter o green card, cartão de residência permanente nos Estados Unidos.
A Petrobras assumiu prejuízo de R$ 6,2 bilhões com a corrupção em abril de 2015. Os procuradores da Lava-Jato afirmam que o prejuízo passa de R$ 20 bilhões, e a Polícia Federal já chegou a fazer uma estimativa de R$ 42 bilhões.
NOVO IMPACTO
A Petrobras informou, por meio da assessoria de imprensa, que tem monitorado continuamente as investigações para obter informações adicionais e avaliar potencial impacto sobre os ajustes realizados. Até agora, segundo a empresa, não foi identificada “qualquer nova ocorrência ou situação que impactasse a metodologia adotada”.
Entre março de 2014, quando a 1ª fase da Operação Lava-Jato foi deflagrada, e o último dia 24 o valor de mercado da Petrobras caiu 46,3% — de US$ 68,3 bilhões para US$ 36,7 bilhões, segundo dados da Economática.
Em fevereiro passado, o juiz Jed Rakoff, responsável pela ação na Justiça de Nova York, negou recurso apresentado pela estatal, que queria evitar que os processos fossem apresentados por grupos de investidores, na tentativa de diminuir o tamanho do litígio. “Não obstante o tamanho da Petrobras e de seus numerosos e distantes investidores, os interesses dos membros da classe estão alinhados”, disse o juiz, acrescentando que uma mesma “má conduta” embasa as reivindicações.
PETROBRAS FALA EM CARTEL
Em nota, a Petrobras informou que os pedidos formulados pelo líder da ação são improcedentes e que está se preparando para o julgamento. “A companhia foi vítima de um cartel, conforme reiteradamente reconhecido pelas autoridades brasileiras que conduzem a Operação Lava-Jato”.
A nota diz ainda: “Antes das investigações tornarem-se públicas, a companhia desconhecia a ocorrência dos atos ilícitos e episódios de corrupção envolvendo ex-empregados. A empresa está colaborando sistematicamente com as investigações e adotando todas as medidas necessárias para a reparação dos prejuízos que sofreu em decorrência da atuação criminosa desse cartel”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É mais um problema gravíssimo, porque os testemunhos comprovam a existência de um esquema político de propina em uma empresa aberta e com ações na Bolsa de Nova York. A Justiça americana, é claro, não terá contemplação. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É mais um problema gravíssimo, porque os testemunhos comprovam a existência de um esquema político de propina em uma empresa aberta e com ações na Bolsa de Nova York. A Justiça americana, é claro, não terá contemplação. (C.N.)
28 de maio de 2016
Cleide Carvalho
O Globo
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