"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

RENAN, INVESTIGADO EM 6 INQUÉRITOS, COMEMORA DECISÃO DO SUPREMO

É... Faz sentido, não é? Os eventos históricos acabam provocando esse alinhamento de semelhantes...

Já escrevi aqui certa feita que não sou esquerdista porque rejeito suas postulações teóricas e seu horizonte utópico. Mas não só isso. Rejeito também a sua falta de vergonha na cara. 

Nesta quarta, os vermelhos do nariz marrom foram para as ruas para gritar “Fica Dilma” e “Fora Cunha”, certo? Eles acham que a moralidade do presidente da Câmara é incompatível com a decência companheira. 
Pois é… Nesta quinta, Dilma almoçou com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que se considera um dos grandes vitoriosos com a decisão tomada pelo Supremo nesta quinta.

Ora vejam que coisa! Renan é investigado em nada menos do que seis inquéritos na Lava Jato. Por mais que Rodrigo Janot gostasse de deixá-lo inteiramente fora da confusão, não há como. Os delatores premiados insistem em dizer que o senador, por meio de prepostos, recebeu propina do petrolão.

Nestor Cerveró teve a sua delação premiada homologada pelo Supremo. Ele repetiu a acusação já feita por Fernando Baiano e afirmou ter pagado, sim, propina ao agora presidente do Senado — e também para Jader Barbalho (PMDB-PA), outro governista radical, e Delcídio do Amaral (PT-MS).

Que coisa, né? Rodrigo Janot poderia tentar nos explicar por que a investigação contra Cunha avançou com tanta celeridade, e a de Renan está empacada. 
Enquanto é preservado pelo procurador-geral, que não se atreve nem mesmo a oferecer uma denúncia contra ele, o valente senador almoça com a presidente, conspira contra o vice-presidente e ainda tenta jogar o PMDB no colo do Planalto.

Ora, um jogo em que Renan é conviva de almoço da presidente para livrá-la do impeachment significa o quê? 
Já sintetizei aqui: ele se oferece para ser o esbirro dela na certeza de que, se ela fica no cargo, passa a ser o esbirro dele.

O que a evidência dos fatos escancara? 
Político que decide se opor ao Planalto quebra a cara na Procuradoria Geral da República, e os que fazem a genuflexão se dão bem. O próprio Renan estava na categoria dos muito enrolados no início da Lava Jato. Depois que passou a ser um fiel escudeiro do Palácio, sentiu o perigo se afastar.

Maioria simples
Imaginem… O Senado terá a palavra final sobre a instauração ou não do processo. É maioria simples: metade mais um dos presentes desde que haja metade mais um do total na sessão.

Se houver 42 senadores no dia em que se votar a questão, bastarão 22 para abrir o processo. Se, no entanto, houver 70, aí seriam necessários 36.

Se não for abatido pela Lava Jato — por enquanto, não parece que será —, Renan vai tentar fazer trabalho de sua vida: manter Dilma no poder na suposição de que ela mexerá os pauzinhos para preservá-lo.

Eis as trocas éticas do governo Dilma.

Ah, sim, Renan Comemorou:
“Não é a minha tese. É a Constituição. O Supremo fez a mesma leitura que tivemos em outros impeachments, com relação aos procedimentos. Não havia nenhuma dúvida em relação a isso. É o seguinte: vivemos no Brasil o bicameralismo. Você não pode afastar um presidente da República a partir da decisão de uma Câmara [Câmara dos Deputados] sem ouvir a outra Câmara [Senado]. Na prática, não seria o bicameralismo. Seria predominância de uma Casa sobre a outra”.

Parece razoável o que diz, mas é só lambança. Afinal, o julgamento cabe ao Senado. Fosse como ele fala, então caberia à Câmara também julgar.



17 de dezembro de 2015
Reinaldo Azevedo

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