"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

DIVISÃO DO PMDB BLOQUEIA TEMER E, POR ISSO, AJUDA DILMA ROUSSEFF



Dilma durante a entrega do Prêmio FINEP
Temer diz a Dilma: “Eu sou você, amanhã…”










Os três maiores jornais do país – O Globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo – , como era lógico e esperado, publicaram como manchete de suas edições de ontem a Operação de Busca e Apreensão da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Teori Zavascki, nas residências e escritórios do deputado Eduardo Cunha e dos ministros Celso Pansera e Henrique Eduardo Alves. 
Estes dois integram o governo Dilma Rousseff, para não alongar ainda mais a relação dos suspeitos.
Mas antes de entrar no assunto, buscando identificar o seu inevitável reflexo político, quero assinalar que escrevo este artigo na tarde de ontem, portanto antes da decisão do Supremo tribunal Federal sobre a liminar do ministro Edson Fachin a respeito do ritmo e do rito a ser adotado pela Câmara no processo de impeachment contra a presidente da República. Vou esperar o desfecho, apesar da impressão de que a liminar será mantida.
Retomo, assim, o comentário, não apenas pela repercussão das ações da Polícia Federal, mas sobretudo por seus reflexos mais profundos e, por isso mesmo, menos perceptíveis à primeira vista. É necessário afastar-se um pouco a emoção, e adicionar a razão, para um comentário que pretendo seja marcado pelo equilíbrio. Não se trata, para tal, desejar um caminho, mas sim perceber os efeitos do episódio na atmosfera política.
PREJUDICANDO TEMER
Dividir o PMDB, segunda maior bancada da Câmara Federal, significa amortecer os impulsos partidários no sentido de impedir a chefe do Executivo e, dessa forma, elevar o vice Michel Temer à presidência do país. Durante os últimos dias, essa movimentação foi detectada e até realçada pelo próprio, inclusive publicamente. Nunca desmentiu o noticiário publicado focalizando seu posicionamento quanto ao tema. Afinal de contas, ele, Michel Temer, era – e continua sendo – o maior interessado numa ruptura ética e estética à luz do panorama institucional do momento em que vive o país.
Claro que o desempenho do governo, do qual Temer faz parte, é muito ruim, como acentuam as recentes pesquisas do Datafolha e do Ibope. A do Ibope, por sinal, realizada para a Confederação Nacional da Indústria, foi publicada ontem na Folha de São Paulo. Mas esta é outra questão.
O fato essencial é que, principalmente por atingir Eduardo Cunha e os ministros Celso Pansera e Henrique Eduardo Alves, a investida da Polícia Federal explodiu como uma bomba no PMDB, dividindo-o. Era o que a presidente Dilma Rousseff poderia desejar, mesmo sem ter formalizado previamente tal raciocínio. Os dois ministros ela pode substituir por outros integrantes da legenda.
342 VOTOS A FAVOR
Em síntese: a divisão do PMDB bloqueia as articulações de Michel Temer e a perspectiva do impedimento que exige, na Câmara, o apoio de 342 deputados a favor. Como conseguir esta escala, se a segunda bancada da oposição encontra-se dividida? Impossível. O choque assegura um período de alívio para a presidente.
Pode-se argumentar que a agora provável saída do ministro Joaquim Levy – reportagem de Marta Beck, Cristiane Jungblut e Geralda Doca, O Globo, – poderá causar um abalo para a administração federal. É verdade, porém não fortalece o processo de impeachment, sequer tange este aspecto. O principal reflexo, como lula tem se empenhado, poderá levar a entrada em campo de Henrique Meirelles. Como reagirá a economia, como refletirá a substituição no mercado financeiro. Eis aí um teorema mais interessante do que um dilema. Vamos aguardar o amanhecer.

17 de dezembro de 2015
Pedro do Coutto

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