O empresário Salim Schahin, um dos sócios do Grupo Schahin, é o mais novo delator da Operação Lava-Jato. O juiz Sérgio Moro homologou o acordo na terça-feira. Aos investigadores, Salim esclareceu as condições do empréstimo de R$ 12 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula e disse que a dívida nunca foi paga. A defesa de Bumlai afirma que pagou o empréstimo com sêmen de boi.
O empréstimo entre Bumlai e o grupo Schahin foi citado pela primeira vez pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Ele afirmou que ouviu do ex-diretor da área Internacional da estatal, Nestor Cerveró, que o empréstimo do banco serviu para quitar uma dívida da campanha à reeleição do ex-presidente Lula (PT). Como forma de compensação, o Grupo Schahin fechou contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras para operar a sonda Vitória 10.000.
Musa teria confirmado a versão de Cerveró com Fernando Schahin, sócio do grupo. O ex-gerente da Petrobras, no entanto, havia afirmado que o valor do empréstimo ao PT teria sido de R$ 60 milhões e não R$ 12 milhões como declarados agora por Salim. Os investigadores, agora, querem saber se o empréstimo realmente foi usado para quitar dívidas petistas.
BRIGA EM FAMÍLIA
Salim Schahim é pai de Carlos Eduardo Schahin, que presidiu o banco da família e foi condenado em julho do ano passado por manter recursos não declarados em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A instituição acabou sendo vendida ao BMG em 2011. A gestão do banco acabou criando atritos entre os irmãos Salim e Milton Schahin, pai de Fernando Schahin, responsável pelos empréstimos do banco e quem teria intermediado o repasse a Bumlai.
A partir do empréstimo, Fernando também passou a ser interlocutor constante nos negócios do grupo com a Petrobras. O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse que acertou com Bumlai o pagamento de US$ 5 milhões ao ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e outros dois ex-gerentes da estatal para garantir que os contratos de operação do navio-sonda Vitória 10.000 ficasse com o grupo Schahin. Sem a anuência dos funcionários da estatal, o negócio não conseguiria ser concretizado, daí a necessidade de pagamento de propina. Segundo ele, o pagamento à Diretoria Internacional teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin.
Outros integrantes do Grupo Schahin também negociam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, entre eles ex-executivos do banco.
20 de novembro de 2015
Renato Onofre e Cleide Carvalho
O Globo
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