O PSDB tinha vergonha de se manifestar contra a urna eletrônica à brasileira, porque o sistema foi criado e implantado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Outros países também utilizam esse método de aferição e contagem de votos, mas com uma diferença básica, pois suas urnas eletrônicas possibilitam que os votos, em caso de dúvida, sejam conferidos e recontados, enquanto a urna à brasileira, apelidada de jabuticaba, sempre foi blindada, tornando impossível saber quem havia votado em quem.
Leonel Brizola sempre esteve à frente desta luta cívica, que acabou sendo vitoriosa na quarta-feira, quando o Congresso conseguiu derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff à proposta de retomar o voto impresso nas eleições.
Desta vez, o PSDB deixou a vergonha de lado e também defendeu a mudança na legislação eleitoral, para estabelecer que, assegurado o sigilo, o voto impresso será depositado de forma automática em uma urna lacrada, após a confirmação do eleitor de que o papel corresponde às suas escolhas na urna eletrônica, como já acontece em outros países.
SEM RECONTAGEM
Recordar é viver. Na última eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, presidido pelo ministro petista Dias Toffoli, inventou mais uma novidade – a contagem secreta, numa sala fechada, sem acesso até os demais ministros do TSE, vejam que situação absurda e inaceitável. Além da apuração nacional ter sido secreta, também a apuração do segundo turno em Minas Gerais foi mantida sob sigilo, por determinação de Toffoli. E o resultado todos sabem: o candidato tucano Aécio Neves vinha na frente, mas no final foi ultrapassado pela petista Dilma Rousseff, que teria conseguido justamente a maioria dos votos dos mineiros, uma tremenda e estranha coincidência.
Revoltado, o PSDB pediu para fazer uma auditoria da eleição e o TSE aceitou. Mas o resultado foi decepcionante, porque comprovou que a eleição era blindada, sem a menor hipótese de recontagem. Na época, sugerimos aqui na Tribuna da Internet que o PSDB contratasse uma empresa de informática que trabalha na Bolsa de Valores para investigar manipulação no pregão das ações. Essa auditoria é feita através de algoritmos e poderia ser viável também no controle da evolução da contagem dos votos. Era a única maneira de fazer uma auditagem eletrônica, mas o PSDB não se interessou.
GOVERNO LUTOU CONTRA…
A urna jabuticaba foi criada pelos tucanos, mas agora quem a defendeu ardorosamente, até o fim, foram os petistas e aliados. O Congresso, reconheça-se, tinha feito seu dever ao aprovar o projeto do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criando o controle na urna eletrônica e restabelecendo a possibilidade da recontagem de votos. Mas a presidente Dilma Rousseff, estranhamente, vetou exatamente esse dispositivo saneador e moralizador, mostrando não aceitar a transparência do sistema eleitoral.
Agora, mostrando que ainda há políticos em Brasília, o Congresso Nacional derruba o veto presidencial e presta uma homenagem indireta ao líder trabalhista Leonel Brizola, que jamais aceitou a blindagem das eleições brasileiras, as únicas do mundo em que não havia hipótese de recontagem.
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PS – O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, considerou o voto impresso como “um passo atrás”. Perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado ou trocar de assunto.
PS – O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, considerou o voto impresso como “um passo atrás”. Perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado ou trocar de assunto.
20 de novembro de 2015
Carlos Newton
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