"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ADEUS, SAUCHICHAS


Feijoada, cachorro quente, presunto, hambúrguer industrializado, salames de todo tipo, linguiça defumada ou não, sanduíches consagrados – enfim, carnes processadas são alimentos que concorrem para desenvolver câncer no aparelho digestivo, especialmente estômago e intestinos. Até mesmo o churrasco comparece à lista, na medida em que é processado sob fumaça que produz alcatrão.

Quem faz a advertência, de maneira estudada e formal, não é uma ONG de vegetarianos ou uma congregação de obcecados pregadores de dietas alternativas. Esta também não é uma daquelas superstições populares amplamente divulgadas no passado – como a de que leite com manga faz mal. É a Organização Mundial da Saúde (OMS) que se manifesta agora nesses termos, com todo seu peso institucional. A conclusão foi divulgada oficialmente após estudo elaborado por 22 cientistas que avaliaram 800 trabalhos sobre a relação entre esses alimentos e 11 tipos de câncer.

Como, apesar das advertências de Bismarck (veja o Confira), alemães e austríacos são devoradores contumazes de salsichas; como o americano típico não dispensa fartas porções de bacon e de ovos mexidos com presunto no seu café da manhã; como o espanhol não passa nem uma semana sem se regalar com seu prato de tapas, armado com embutidos de todo tipo; como o brasileiro é grande entusiasta do churrasco e da feijoada; como no mundo inteiro aumentou o consumo de hambúrgueres e de carnes industrialmente processadas – então podemos estar diante de forte ataque à indústria de carnes e de proteína animal.

Se as autoridades sanitárias em todo o mundo se sentirem obrigadas a divulgar as mesmas advertências que passaram a fazer ao consumo de cigarros e de bebidas alcoólicas – na base de “o Ministério da Saúde adverte...” –, grandes negócios ficarão ameaçados. Imagine o impacto sobre McDonald’s, Burger King e todas as indústrias brasileiras cujos produtos estão sendo hoje promovidos por artistas da Rede Globo.

A partir dos anos 60, assim que começaram a ser divulgados os primeiros informes sobre os prejuízos à saúde provocados pelo tabaco, as grandes indústrias do setor foram ao contra-ataque. Contrataram especialistas para produzir pesquisas que refutassem as autoridades mundiais do setor e, com isso, conseguiram adiar a decadência. Poderá o mesmo acontecer agora com a indústria de carnes? O estrago nas comunicações pode ser forte, especialmente na área da publicidade, onde apelos ao consumo de alimentos suspeitos começarão a ser questionados.

O fato é que está em curso ampla campanha contra coisas boas da vida, especialmente contra alimentos. Aí estão bem mais do que as investidas do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, contra o foie gras. Ovo mole pode deflagrar ataque da salmonela, transgênico é produto suspeito só por ser transgênico, verduras bonitas podem conter agrotóxico, chocolate engorda e produz espinhas, os melhores doces são fonte de diabetes e, ai meu Deus!, tem o glúten, essa grave ameaça a tanta gente inocente...


29 de outubro de 2015
Celso Ming

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