SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva completou ontem 70 anos. Ele está acuado. Seu nome vem aparecendo nas delações premiadas. Alguns de seus amigos estão na mira dos promotores e da Polícia Federal, e empresas de um de seus filhos foram objeto de mandados de busca e apreensão. Será o fim do mito?
Difícil dizer. Lula já passou por dificuldades antes e se reergueu. Em 2005, após a eclosão do mensalão, parecia estar com os dias contados, tanto que a oposição preferiu não deflagrar o impeachment, calculando que o presidente chegaria sangrando ao pleito de 2006, no qual seria facilmente derrotado. Com uma mãozinha da alta das commodities, não só triunfou em 2006 como fez a sucessora em 2010 e repetiu o feito em 2014. É verdade que, desta vez, os vetores econômicos operam contra o PT.
O futuro do ex-mandatário vai depender de como sua narrativa absorverá as informações produzidas pelo novo escândalo. Narrativas, vale lembrar, são metáforas com conteúdo moral que embutem a trajetória e os valores de um candidato. A crer em modelos desenvolvidos por pesquisadores como Drew Westen, o eleitor não vota em projetos, mas nas narrativas com as quais se identifica.
Não é impossível moldar a narrativa para que ela abrigue todo tipo de coisa. Adhemar de Barros, por exemplo, conseguiu fazer com que a sua neutralizasse as muitas acusações de desvio que pesavam contra si. "Rouba, mas faz", era seu bordão extraoficial. O próprio Lula gosta de descrever a si mesmo como perseguido pelas elites, o que tornaria os crimes de que o acusam calúnias urdidas por uma conspiração antipopular.
Vai dar certo? Isso dependerá das investigações. Se não surgirem provas insofismáveis, o metalúrgico poderá conservar uma respeitável, ainda que cadente, fatia de seu eleitorado. Mas, se o batom na cueca aparecer, pode experimentar um destino parecido com o de José Dirceu, que já nem é mais defendido pelo PT.
29 de outubro de 2015
Héliko Schwartsman
Difícil dizer. Lula já passou por dificuldades antes e se reergueu. Em 2005, após a eclosão do mensalão, parecia estar com os dias contados, tanto que a oposição preferiu não deflagrar o impeachment, calculando que o presidente chegaria sangrando ao pleito de 2006, no qual seria facilmente derrotado. Com uma mãozinha da alta das commodities, não só triunfou em 2006 como fez a sucessora em 2010 e repetiu o feito em 2014. É verdade que, desta vez, os vetores econômicos operam contra o PT.
O futuro do ex-mandatário vai depender de como sua narrativa absorverá as informações produzidas pelo novo escândalo. Narrativas, vale lembrar, são metáforas com conteúdo moral que embutem a trajetória e os valores de um candidato. A crer em modelos desenvolvidos por pesquisadores como Drew Westen, o eleitor não vota em projetos, mas nas narrativas com as quais se identifica.
Não é impossível moldar a narrativa para que ela abrigue todo tipo de coisa. Adhemar de Barros, por exemplo, conseguiu fazer com que a sua neutralizasse as muitas acusações de desvio que pesavam contra si. "Rouba, mas faz", era seu bordão extraoficial. O próprio Lula gosta de descrever a si mesmo como perseguido pelas elites, o que tornaria os crimes de que o acusam calúnias urdidas por uma conspiração antipopular.
Vai dar certo? Isso dependerá das investigações. Se não surgirem provas insofismáveis, o metalúrgico poderá conservar uma respeitável, ainda que cadente, fatia de seu eleitorado. Mas, se o batom na cueca aparecer, pode experimentar um destino parecido com o de José Dirceu, que já nem é mais defendido pelo PT.
29 de outubro de 2015
Héliko Schwartsman
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