Suponha-se, apenas como exercício de imaginação, que Eduardo Cunha acolha o pedido de impeachment da presidente Dilma e, mais, que a Comissão Especial a ser formada recomende o afastamento da presidente. Acrescente-se a suposição de que o plenário da Câmara acate a medida e que o Senado venha a julgá-la culpada.
Surge a indagação: Madame terá sido posta para fora porque aumentou despesas sem autorização do Congresso, porque pedalou e porque teve suas contas de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União?
Nem pensar. Esses poderão vir a ser os argumentos jurídicos para a inusitada iniciativa parlamentar, mas nem de longe significarão o verdadeiro motivo do afastamento da presidente.
Funcionarão como a Fiat Elba responsável pela defenestração de Fernando Collor, mas em momento algum a quebra da lei de Responsabilidade Fiscal passará à História como justificativa para a cirurgia.
Exatamente como no caso do atual senador por Alagoas, Dilma terá sido alvejada porque a população não gosta dela. Mais até do que por conta da crise econômica, das demissões em massa, do aumento de impostos e do custo de vida, situa-se o sentimento nacional de rejeição à presidente por ser arrogante, presunçosa, furiosa e julgar-se superior. Por jamais ter estabelecido uma ligação direta com o povão. Sempre distante, imaginando-se dona das verdades absolutas, só semanas atrás reconheceu que errou. Mesmo assim, no condicional. A imagem que passou ao país, em seus primeiros quatro anos de mandato, foi de alguém desligada do meio social, sem vínculos com o cidadão comum, operário ou patrão.
Pode não ter sido essa a intenção de Dilma, ainda que a versão suplante a realidade.
É assim que ela é vista pela imensa maioria, justamente o fator maior responsável por um duvidoso impeachment.
Como o Congresso, por maiores vícios e defeitos que possua, jamais posicionou-se contra as tendências da opinião pública, eis a explicação: o brasileiro rejeita quem permanece em patamares até erroneamente tidos como separando governantes e governados.
Fica evidente que beijar criancinhas, passear pelas ruas, frequentar campos de futebol, prometer o impossível, distribuir sorrisos, visitar favelas e tomar café na cozinha da dona Maria – tudo isso cheira a demagogia, para presidentes da República. Mas é assim que as coisas funcionam e será por não agir assim que o impeachment acontecerá, se acontecer.
29 de outubro de 2015
Carlos Chagas
Surge a indagação: Madame terá sido posta para fora porque aumentou despesas sem autorização do Congresso, porque pedalou e porque teve suas contas de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União?
Nem pensar. Esses poderão vir a ser os argumentos jurídicos para a inusitada iniciativa parlamentar, mas nem de longe significarão o verdadeiro motivo do afastamento da presidente.
Funcionarão como a Fiat Elba responsável pela defenestração de Fernando Collor, mas em momento algum a quebra da lei de Responsabilidade Fiscal passará à História como justificativa para a cirurgia.
Exatamente como no caso do atual senador por Alagoas, Dilma terá sido alvejada porque a população não gosta dela. Mais até do que por conta da crise econômica, das demissões em massa, do aumento de impostos e do custo de vida, situa-se o sentimento nacional de rejeição à presidente por ser arrogante, presunçosa, furiosa e julgar-se superior. Por jamais ter estabelecido uma ligação direta com o povão. Sempre distante, imaginando-se dona das verdades absolutas, só semanas atrás reconheceu que errou. Mesmo assim, no condicional. A imagem que passou ao país, em seus primeiros quatro anos de mandato, foi de alguém desligada do meio social, sem vínculos com o cidadão comum, operário ou patrão.
Pode não ter sido essa a intenção de Dilma, ainda que a versão suplante a realidade.
É assim que ela é vista pela imensa maioria, justamente o fator maior responsável por um duvidoso impeachment.
Como o Congresso, por maiores vícios e defeitos que possua, jamais posicionou-se contra as tendências da opinião pública, eis a explicação: o brasileiro rejeita quem permanece em patamares até erroneamente tidos como separando governantes e governados.
Fica evidente que beijar criancinhas, passear pelas ruas, frequentar campos de futebol, prometer o impossível, distribuir sorrisos, visitar favelas e tomar café na cozinha da dona Maria – tudo isso cheira a demagogia, para presidentes da República. Mas é assim que as coisas funcionam e será por não agir assim que o impeachment acontecerá, se acontecer.
29 de outubro de 2015
Carlos Chagas
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