Desnecessário se torna traduzir ou interpretar o diagnostico do vice-presidente Michel Temer transmitido a um grupo de empresários paulistas, quinta-feira, quando sustentou que a presidente Dilma não resistirá até o final do mandato com a popularidade tão baixa como se encontra hoje. Acrescentou que não moverá uma palha para assumir a presidência da República.
Nem é preciso. Já moveu o conteúdo do imenso paiol de frustrações onde se reúnem empresários, trabalhadores, profissionais liberais, funcionários públicos, partidos políticos e a torcida do Flamengo. Não que o país clame por sua ascensão ao poder ou acredite ser ele o personagem unificador. A maioria da população o desconhece, apesar de sua condição de substituto ou sucessor constitucional. Por enquanto a realidade está no extremo oposto: a sociedade rejeita a presidente Dilma, incluindo-se na rejeição até o PT, sem falar no PMDB e demais siglas com assento no Congresso.
Admitir que a popularidade possa ser recuperada em tempo útil para Madame preservar seu mandato soa como golpe de graça desferido pelo vice sobre a titular. É impossível. Aguarda-se apenas um fato novo capaz de desencadear o desenlace: uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal de Contas da União, uma evidência a mais de ter o governo participado do escândalo da Petrobras, a queda do ministro da Fazenda, a invasão de supermercados ou demais manifestações violentas da população diante do desemprego, do aumento de impostos ou da alta do custo de vida. Qualquer desses fatores, se não levarem Dilma à renúncia, certamente conduzirão ao seu impeachment.
Michel Temer transpôs o Rubicão, mesmo com legiões esfarrapadas e enfraquecidas. Terá tido motivos para molhar os pés, humilhado e ofendido pelo que restou da exangue guarnição do palácio do Planalto. Bem como pelas trapalhadas da confusa, inoperante e perdida comandante dessa resistência inútil.
Imaginando-se a preservação dos princípios constitucionais e a permanência das instituições democráticas, mesmo postas em frangalhos, a pergunta refere-se ao papel que Michel Temer poderá exercer após chegar à presidência da República. Melhor seria indagar sobre seu prazo de permanência no trono. Conseguirá unificar a nação, como sugeriu que alguém precisaria tentar?
Transposto o Rubicão, Cesar virou ditador, até que punhais de alguns senadores o abatessem.
05 de setembro de 2015
Carlos Chagas
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