"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 5 de setembro de 2015

MICHEL TEMER TRANSPÔS O RUBICÃO



Desnecessário se torna traduzir ou interpretar o diagnostico do vice-presidente Michel Temer transmitido a um grupo de empresários paulistas, quinta-feira, quando sustentou que a presidente Dilma não resistirá até o final do mandato com a popularidade tão baixa como se encontra hoje. Acrescentou que não moverá uma palha para assumir a presidência da República.

Nem é preciso. Já moveu o conteúdo do imenso paiol de frustrações onde se reúnem empresários, trabalhadores, profissionais liberais, funcionários públicos, partidos políticos e a torcida do Flamengo. Não que o país clame por sua ascensão ao poder ou acredite ser ele o personagem unificador. A maioria da população o desconhece, apesar de sua condição de substituto ou sucessor constitucional. Por enquanto a realidade está no extremo oposto: a sociedade rejeita a presidente Dilma, incluindo-se na rejeição até o PT, sem falar no PMDB e demais siglas com assento no Congresso.

Admitir que a popularidade possa ser recuperada em tempo útil para Madame preservar seu mandato soa como golpe de graça desferido pelo vice sobre a titular. É impossível. Aguarda-se apenas um fato novo capaz de desencadear o desenlace: uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal de Contas da União, uma evidência a mais de ter o governo participado do escândalo da Petrobras, a queda do ministro da Fazenda, a invasão de supermercados ou demais manifestações violentas da população diante do desemprego, do aumento de impostos ou da alta do custo de vida. Qualquer desses fatores, se não levarem Dilma à renúncia, certamente conduzirão ao seu impeachment.

Michel Temer transpôs o Rubicão, mesmo com legiões esfarrapadas e enfraquecidas. Terá tido motivos para molhar os pés, humilhado e ofendido pelo que restou da exangue guarnição do palácio do Planalto. Bem como pelas trapalhadas da confusa, inoperante e perdida comandante dessa resistência inútil.

Imaginando-se a preservação dos princípios constitucionais e a permanência das instituições democráticas, mesmo postas em frangalhos, a pergunta refere-se ao papel que Michel Temer poderá exercer após chegar à presidência da República. Melhor seria indagar sobre seu prazo de permanência no trono. Conseguirá unificar a nação, como sugeriu que alguém precisaria tentar?

Transposto o Rubicão, Cesar virou ditador, até que punhais de alguns senadores o abatessem.



05 de setembro de 2015
Carlos Chagas

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