Pudesse a nação exprimir-se por uma só voz e um grito de repúdio seria ouvido no Brasil inteiro: “NÃO!” Para demonstrar que toda regra tem exceção, das principais corporações nacionais, a concordância com o pacote de maldades do governo Dilma veio da Febraban, a federação dos bancos. Fora dela, Congresso, Judiciário, empresariado, sindicatos, funcionalismo, universidades, classe média, ricos, pobres e até a torcida do Flamengo rejeitaram as medidas de contenção anunciadas segunda-feira pelos ministros da Fazenda e do Planejamento.
Cada categoria só sai menos prejudicada do que o conjunto, sem a contrapartida de que, assim, sairemos do fundo do poço. Aumentam-se os impostos. Desmantelam-se os programas sociais que Madame jurou não seriam atingidos. Interrompem-se as obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Fragilizam-se as estruturas do poder público com a suspensão dos concursos e do preenchimento de vagas na administração federal. Proíbem-se reajustes salariais e eliminam-se abonos para quantos continuam trabalhando depois de conquistado o direito à aposentadoria. Eliminam-se recursos de custeio da máquina do Estado. Cortam-se incentivos para educação e saúde, assim como para a subvenção de preços agrícolas. E muito mais que a empolada linguagem oficial não conseguiu traduzir ou explicar, certamente por vergonha da própria incompetência. O máximo da fragilidade dos donos do poder exprimiu-se na sugestão da volta da CPMF, fatal para todo mundo.
Como a maioria dessas propostas dependerá de projeto de lei ou de emenda constitucional, a conclusão é de que o Congresso deverá rejeitá-las, ou seja, nenhuma solução.
Resta ao governo pedir para sair, abrindo as portas para a maior dúvida de agora: colocar o quê ou quem no lugar? Entregar a administração aos bancos não vai dar, tendo em vista que o principal artífice desse fracasso antecipado é um de seus maiores representantes. Substituir Dilma Rousseff por Michel Temer equivale a trocar seis por meia dúzia. Imaginar um surto de arrependimento no PT redundará em nada, porque mesmo ficando contra as medidas anunciadas, os companheiros carecem de planos alternativos. Nem o Lula sabe o que fazer. Pretender que o PMDB se una ao PSDB para construir opções nem sequer consistirá em novidade, já que faltam-lhes pessoas, ideias e ânimo. Numa palavra, o governo acaba de passar em si mesmo monumental atestado de inoperância. Do palácio do Planalto e da Esplanada dos ministérios não sairá nada em termos de recuperação do país. Se antes estávamos postos em frangalhos, aproxima-se hoje a dissolução, quer dizer, a sombra da desobediência civil. Não pagar impostos por impossibilidade financeira será a ante sala da inadimplência por convicção.
16 de setembro de 2015
Carlos Chagas
Cada categoria só sai menos prejudicada do que o conjunto, sem a contrapartida de que, assim, sairemos do fundo do poço. Aumentam-se os impostos. Desmantelam-se os programas sociais que Madame jurou não seriam atingidos. Interrompem-se as obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Fragilizam-se as estruturas do poder público com a suspensão dos concursos e do preenchimento de vagas na administração federal. Proíbem-se reajustes salariais e eliminam-se abonos para quantos continuam trabalhando depois de conquistado o direito à aposentadoria. Eliminam-se recursos de custeio da máquina do Estado. Cortam-se incentivos para educação e saúde, assim como para a subvenção de preços agrícolas. E muito mais que a empolada linguagem oficial não conseguiu traduzir ou explicar, certamente por vergonha da própria incompetência. O máximo da fragilidade dos donos do poder exprimiu-se na sugestão da volta da CPMF, fatal para todo mundo.
Como a maioria dessas propostas dependerá de projeto de lei ou de emenda constitucional, a conclusão é de que o Congresso deverá rejeitá-las, ou seja, nenhuma solução.
Resta ao governo pedir para sair, abrindo as portas para a maior dúvida de agora: colocar o quê ou quem no lugar? Entregar a administração aos bancos não vai dar, tendo em vista que o principal artífice desse fracasso antecipado é um de seus maiores representantes. Substituir Dilma Rousseff por Michel Temer equivale a trocar seis por meia dúzia. Imaginar um surto de arrependimento no PT redundará em nada, porque mesmo ficando contra as medidas anunciadas, os companheiros carecem de planos alternativos. Nem o Lula sabe o que fazer. Pretender que o PMDB se una ao PSDB para construir opções nem sequer consistirá em novidade, já que faltam-lhes pessoas, ideias e ânimo. Numa palavra, o governo acaba de passar em si mesmo monumental atestado de inoperância. Do palácio do Planalto e da Esplanada dos ministérios não sairá nada em termos de recuperação do país. Se antes estávamos postos em frangalhos, aproxima-se hoje a dissolução, quer dizer, a sombra da desobediência civil. Não pagar impostos por impossibilidade financeira será a ante sala da inadimplência por convicção.
16 de setembro de 2015
Carlos Chagas
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