Senão indignou, ao menos surpreendeu o manifesto divulgado pelo PT, segunda-feira, após reunião dos 27 presidentes de diretórios estaduais com o Lula, a Executiva Nacional e o presidente do partido, Rui Falcão. Porque a alta cúpula dos companheiros apresentou-se como sofrendo “uma campanha de cerco e aniquilamento por conta de suas virtudes, não de seus erros”.
Serão virtudes do PT tomar dinheiro das empreiteiras e sangrar a Petrobras através do superfaturamento do preço de obras e serviços, além de dezenas de aditivos contratuais responsáveis pela dilapidação da petrolífera?
Basta atentar para as nomeações dos diretores da empresa, muitos hoje presos e antes envolvidos na tramoia. Sem falar nas acusações ao tesoureiro João Vaccari, que teima em não se demitir.
“Querem acabar com a nossa raça” diz o texto, denunciando que “pretendem criminalizar o PT”. Ora, inverteu-se a equação, pois foi o PT a criminalizar a Petrobras. Essa tentativa de passar de algoz a mártir é comum nas organizações postas sob o crivo do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário. Só que não convence, mesmo com o Lula em sua liderança. Se manipulações existem, acontecem em sentido contrário, demonstração de o partido encontrar-se em serias dificuldades para manter a credibilidade perdida.
REESTRÉIA COMPETENTE
Quem fez sua reestreia na tribuna da Câmara foi o deputado e ex-senador Heráclito Fortes, do PSB do Piauí. Depois de oito anos no Senado, quando se destacou como dos mais críticos aos governos Lula e Dilma, ele manteve o mesmo diapasão das denúncias anteriores. Falou dos rombos olímpicos promovidos nos fundos de pensão das empresas estatais e foi pontual em suas críticas: o desemprego, que este ano atingirá um milhão e duzentos mil trabalhadores, o financiamento de usinas termo-elétricas na Bolívia, a responsabilidade de Dilma na recessão já verificada, o frágil ministério , o descumprimento das promessas de campanha por parte da presidente reeleita.
SAUDADES
Nada de saudosismo, sinistrose ou má vontade, mas a verdade é que quem assiste pela vez a transmissão televisiva dos trabalhos da Câmara e do Senado não terá a menor ideia de como era diferente tempos atrás, quando não havia televisão. Evitando o constrangimento de fulanizar os parlamentares atuais, salta aos olhos a diferença entre as intervenções de hoje e de ontem. Pena que só pouquíssimas gravações tenham sobrevivido. Não dá para comparar.
01 de abril de 2015
Carlos Chagas
Nenhum comentário:
Postar um comentário