Impeachment virou a maldita palavra da moda no mundo da politicagem tupiniquim. O impedimento da Presidenta Dilma Rousseff ainda não é um desejo popular claramente manifestado. No entanto, nos bastidores do Congresso, calcula-se que a metade da Câmara dos deputados e mais de um terço do Senado já considera o afastamento de Dilma como uma "solução inadiável". A indefinição é sobre o momento para a decisão radical de tirá-la do poder, ou forçá-la a "pedir para sair" (inventando até uma doença inexistente).
O PMDB não tem interesse imediato no impeachment de Dilma. Se ela sair antes de dois anos de mandato cumprido, é preciso realizar novas eleições. Isto não interessa ao maçom inglês Michel Temer - que não poderia desfrutar da vacância, como vice que se transformaria em "salvador da pátria". Por isso, a tática peemedebista consistirá em levar ao extremo o desgaste político de Dilma. Eduardo Cunha, que tem futuras pretensões presidenciais, já se move neste sentido. Renan Calheiros até se une a ele, porque precisa de salvação imediata, já que seu nome é cotadíssimo para figurar na denúncia que o Procurador-Geral da República fará, depois do carnaval, sobre a banda política com foro privilegiado enlameada na Lava Jato.
Se já não tinha condições morais de governar no segundo mandato para o qual se reelegeu, Dilma agora entra em desespero por causa da violenta queda na aprovação de seu governo. Não é o escândalo do Petrolão que a inviabiliza (apesar da inegável responsabilidade direta dela na má gestão da Petrobras, onde o governo da União claramente abusou do poder controlador). O que ferra Dilma são os erros na condução da economia, já que a política econômica dela inexiste ou é reprovada pelo desastre na vida prática.
O desenho do caos é bem claro: Gastança, desperdício e corrupção estatal, política de juros altos que só dá lucro fácil aos bancos, carestia especulativa e inflação do real, assassinando o poder de compra do cidadão também penalizado pela absurda carga tributária e pelo endividamento pessoal e familiar, junto com as subidas das tarifas e preços de água, energia e combustíveis - setores nos quais o desgoverno só cometeu erros ou roubalheiras. Tudo isso desorganiza a economia, gera desemprego, retrai o consumo, dificulta o crédito produtivo e inviabiliza a capacidade de poupança (investimento popular que já perde feio para os índices inflacionários).
Politicagem e corrupção não necessariamente derrubam governos. No entanto, crises econômicas costumam sempre ser fatais. A percepção da maioria das pessoas é de pessimismo. Inclusive de quem cometeu a burrice ou a ingenuidade de apostar o voto no cassino reeleitoral do Al Capone para dar um segundo mandato para Dilma - que sequer merecia um primeiro. Por tudo isto, Dilma já era sem nunca ter sido Presidente. Já sabe que está condenada a sobreviver, de agora em diante, como refém dos aliados e da traidora autofagia nazicomunopetralha.
Vale repetir por 13 x 13 para dar sorte: Nada pode ser institucionalmente mais grave e perigoso do que quando tantas tragicomédias explosivas se combinam: a política se desmoraliza e vira piada, a maioria do povo perde a confiança em um governo desmoralizado e a sociedade insiste no erro de atacar o efeito sem combater a verdadeira causa dos problemas. Bruzundanga, País Capimunista Subdesenvolvido com complexo de vira-lata, continua correndo atrás do próprio rabo cortado. Chegará a lugar algum ou ficará no mesmo de sempre.
Uma raposa felpuda do Congresso, que defende a estratégia de cozinhar longamente a galinha velha, mesmo sabendo que ela não dará comida boa (diferentemente da tradicional música caipira), já ouviu do Alto Comando Militar a seguinte mensagem: "Não vamos aceitar que aventureiros destruam a Democracia no Brasil. Mas definimos que a palavra impeachment não será pronunciada publicamente pelos comandantes. Vamos acompanhar qual vai ser o clamor popular, e garantir o regime democrático". Tirando o fato objetivo de que não temos democracia (segurança do direito) no Brasil, o recado não espantou a poderosa raposa que já admitiu: "Ninguém sabe o que vai acontecer daqui pra frente".
Impeachment é solução paliativa que pode nem ser adotada. Mas o desgaste de Dilma, para inviabilizá-la no exercício do poder presidencial, é tão certo quanto a conta de que 13 x 13 (em dois mandatos) é igual a "Zero a Esquerda".
Releia o artigo: Por que não adianta trocar 13 por meia dúzia?
09 de fevereiro de 2015
Jorge Serrão
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