Técnicos do Banco Central estão vasculhando, com lupa, os empréstimos concedidos pelo sistema financeiro às construtoras pegas na Operação Lava-Jato. Há o temor de que a onda de quebradeira dessas empresas leve junto uma série de bancos. Vários analistas vêm ressaltando que, ainda que pequeno, surgiu no horizonte a possibilidade de risco sistêmico. As empreiteiras devem pelo menos R$ 141 bilhões às instituições financeiras. Por determinação do BC, os bancos estão reforçando as provisões para possíveis calotes. Mas essa reserva de capital não é suficiente para fazer frente à falência em série das construtoras.
Na tentativa de acalmar os credores, os donos das empreiteiras acusadas de surrupiarem dinheiro da Petrobras vêm separando seus ativos dos negócios investigados pela Polícia Federal. Nas conversas com bancos e investidores, dizem que, caso as áreas de construção venham a ruir, não haverá nenhuma contaminação das empresas controladas. Ninguém acredita.
INVESTIDORES PERDEM
Os brasileiros que aplicam em fundos de investimento estão pagando caro pelos problemas enfrentados pelas grandes empreiteiras do país. Nos últimos anos, elas emitiram títulos como debêntures para reforçar o caixa. Boa parte desses papéis foi comprada pelos bancos, que os destinaram aos fundos. Como os títulos perderam valor, os prejuízos estão sendo repartidos entre os poupadores.
PETROS E FUNCEF NO EXTERIOR
Os fundos de pensão dos empregados da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (Funcef) destinaram pelo menos US$ 1,5 bilhão para o exterior. Em vez de destinar os recursos para empreendimentos de infraestrutura no país, preferem aplicar em títulos de diversos países.
E um dos maiores empresários de Brasília está inconsolável. Ele destinou R$ 200 milhões para a compra de ações da Petrobras, quando os papéis estavam cotados próximos de R$ 40. Agora, tem menos de um quarto do patrimônio.
09 de fevereiro de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense
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