"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

LAURÉIS E LABÉUS


 
Caríssimos correspondentes: Após ler o competente e contundente artigo de minha dileta amiga, Professora e Dra. Aileda de Mattos Oliveira, de título "Não Representaram!", que repassei para todos, atrevi-me a escrevinhar algumas linhas acerca da vexatória omissão das FFAA em relação ao maldito relatório da também maldita CNV, de 10 de dezembro de 2014. Tudo em complementação a uma matéria que elaborei, intitulada de "Rumo à Tropa!" "Rumo ao Mar!", a qual também enviei aos de minha lista.
O Almirante Flores foi quem observou e denunciou uma incoerência no relatório antes mencionado, que, reflexivamente, incrimina a presidente e o ex-presidente da República. O documento, comemorado com emoção - até com lágrimas, pela ex-subversiva que nos governa -, em sua revanchista e perversa nominata relaciona os presidentes da República do período militar e os seus ministros, como também responsáveis "por torturas e maus tratos a prisioneiros", etc, avalizando a tese jurídica do "domínio do fato".
Ora, se assim procederam os "malditos-sejam", "doutos e sapientes" membros da Comissão, escolhidos a dedo pela presidente, de duas uma: ou eles concordam com a citada tese e, "ipso facto", têm de aceitar a "realidade"  de que os dois últimos governantes são, outrossim, responsáveis pelas falcatruas do "mensalão", do "petrolão" e outras (como insinua a mensagem, abaixo, que circula na rede), ou não se aperceberam, ingenuamente, das consequências dos termos do unilateral relatório, o que vem causando (Hosanas!) muitos risos àqueles que, como nós, se revoltaram com o mesmo.

Mas, desgraçadamente, os comandantes das Forças não emitiram uma simples Nota (firme e sem bravatas, claro) em repulsa ao ultraje perpetrado contra as FFAA, o maior e mais ofensivo dos últimos tempos, indubitavelmente. 
Não quiseram usar dos preceitos constitucionais (e que são cláusulas pétreas!) da liberdade de expressão, vedado o anonimato, do direito de resposta e do instituto jurídico da legítima defesa (da Honra, no caso) - aceito por todos os tipos e ramos do Direito.
Preferiram a linha de ação do Silêncio, omisso e covarde.
Encastelaram-se em torres de marfim ou se puseram sobre pedestais, de forma estranha, soberba, acima do bem e do mal, para apenas dizer o mínimo, como se o Brasil fosse um país escandinavo.
Esqueceram-se do brocardo de "quem cala consente"; e, como experimentados militares, sabiam muito bem que "a melhor defesa é o ataque".
Deveriam ter sido corporativos, desprezado o "politicamente correto" e o sabor da época, eis que o espírito de corpo, a união e, mais do que isso, a coesão, além da liderança (não a que dizem alhures, da Instituição, e sim a pessoal, de seus chefes e comandantes, pelo que Carlyle deve estar se revirando em sua tumba...) de uma Força Armada, em qualquer parte do mundo, são valores indeléveis a serem preservados, a qualquer custo, de forma desassombrada, viril. Assim, perderam a oportunidade de cruzar os umbrais de nossa História Militar com os LAURÉIS da glória e o farão com os LABÉUS do descrédito e da desmoralização. Tudo muito triste.
Nós, militares, não podemos abjurar daquilo que nos foi transmitido por várias gerações de ínclitos Soldados que nos antecederam. Até parece que o espirito dos nefastos positivistas de antanho, que romperam com o passado glorioso, baixou em vários de nossos companheiros que aceitam com naturalidade a atmosfera do momento atual e se travestem de filósofos, esquecendo-se de que são, antes de mais nada, Soldados, feitos para a Guerra.
A propósito, o notável marechal Helmuth Moltke, vencedor da batalha de Sedan, em 1870, e da guerra franco-prussiana, rebatia, revoltado, as acerbas críticas que lhe eram desferidas, por parte de alguns que condenavam o seu "espírito guerreiro", afirmando:

"Detesto os soldados que querem ser filósofos e os filósofos que querem ser soldados".
Por derradeiro, lembro dos versos da bela Canção Militar, "Fibra de Heróis", que diz:
"A afronta se lava com fibra de heróis, de Gente brava!".
Rabelais, o grande escritor da Renascença e da Ilustração Francesa, afirmava:

"Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam".
BRASIL ACIMA DE TUDO!
"Ex toto corde", o mais amigo dos abraços do Soriano.
14 de janeiro de 2014
Manoel Soriano Neto é Coronel reformado do EB, Historiador Militar e Advogado.

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