"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ABSTENÇÃO FOI NORMAL, BRANCOS E NULOS NÃO CHEGARAM A 10%




Reportagem de Ricardo Mendonça, Folha de São Paulo de segunda-feira 6, Caderno Eleições 2014, revela com base nos dados oficiais do TSE que as eleições presidenciais deste ano, apesar de inicialmente, os sintomas terem sido contrários, despertaram grande entusiasmo junto ao eleitorado. A abstenção média foi de 19%, variando de 16 a 20%, dependendo do estado. O índice de votos em branco ficou na escala de 3,8%. O de votos nulos atingiu 5,7%. Assim, estas duas parcelas somadas ficaram em 9,5%, baixíssimo, sobretudo em relação a eleições anteriores.

Deve-se acentuar que entre os votos nulos estão computados os que decorreram de erros praticados. Nem todos eles, portanto, partiram da vontade de anular de eleitores que assim manifestam descrédito na política. Importante este aspecto para que Dilma Rousseff e Aécio Neves o incluam de alguma forma em suas mensagens através da televisão.
Quanto a abstenção, 19%, ela deve abranger não só os não obrigados a votar, e que por isso não compareceram às urnas, mas também a casos de doença e de falecimento de eleitores cujos títulos ainda não foram retirados das seções eleitorais. Sempre acontece isso, invariavelmente em todas as eleições. Não há forma de ser evitado o fenômeno.

O que os dois finalistas, entretanto, podem fazer é se dirigir aos que se abstiveram, mas podem votar no turno de 26 de outubro, no sentido de que exerçam, dessa vez, o direito democrático do voto. São três mensagens possíveis de causar algum efeito: aos que votaram branco, aos que anularam, aos que se abstiveram por desmotivação. É possível que encontrem motivação no segundo turno, sobretudo porque ele, também como sempre acontece, adquire um clima esportivo.

CRAQUES DO VOTO

Por falar em esporte, elegeram-se, pelo Rio de Janeiro, os campeões mundiais de 94, Romário, um dos três senadores mais votados do país, o igualmente campeão do mundo de 94, Bebeto, o craque Delei, que integrou o time do Fluminense. Talvez uma resposta interior ao desastre da Seleção Brasileira na Copa deste ano, 2014, quando, ao perdermos de 7 a 1 para a Alemanha, sofremos nossa maior vergonha esportiva da história. Mas esta é outra questão.

Voltando ao tema central deste artigo, deparamos com uma realidade pouco percebida à primeira vista, mas agora revelada logo após a apuração dos votos. A disposição dos eleitores no processo de escolha de seus candidatos cresce à medida em que se aproxima o dia do pleito.
Os que, por exemplo há uma semana encontravam-se desanimados, reencontraram o ânimo de outro tempo na véspera das urnas.
Este processo explica, em parte, as diferenças concretamente registradas entre os números de pesquisa e aqueles que compuseram a enorme massa de votos válidos. Tanto assim que a fração de sufrágios inválidos, como vimos com base na reportagem de Ricardo Mendonça, não alcança a escala de 10%.

O entusiasmo surge com a proximidade do roteiro para as seções eleitorais. E é essencial que seja sempre assim. Porque sem voto não há democracia, como sentimos no passado recente. E sem democracia não existe liberdade, um bem extremamente precioso para a existência humana.. Para todos nós, portanto.

10 de outubro de 2014
Pedro do Coutto

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