"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A INDÚSTRIA DÁ O TROCO

BRASÍLIA - Há uma relação direta entre dois anúncios cheios de significado: a produção da indústria caiu em 21 de 26 setores em junho; a arrecadação da campanha de Dilma Rousseff caiu em relação a 2010.

A lógica é elementar, comprovando que, se o mar não está para peixe, o ambiente industrial não está muito animado com a reeleição e isso reflete nas doações de campanha.

No primeiro mês oficial da eleição, a arrecadação de Dilma foi bem menor do que a do mesmo período de 2010 e está equiparada à do tucano Aécio Neves --que foi mais que o dobro do que José Serra recebeu quatro anos atrás. Aécio, aliás, foi o que mais atraiu recursos na largada. Campos não está mal, mas tem o fantasma de Marina.

O empresariado aposta suas fichas e dá o troco em Dilma pelo desempenho industrial, que embicou para baixo, e pelos indicadores da economia, um pior que o outro.

Só na semana passada: 1) o governo gasta demais e está muito longe de cumprir a própria meta de economia para o ano; 2) as exportações melhoraram em julho, com as tais plataformas de petróleo, e nem isso reverte o déficit comercial no ano, de US$ 916 milhões; 3) o IBGE detecta o recuo da indústria pelo quarto mês seguido. Pobre PIB...

Quem pode estar feliz? Sem felicidade, não há ânimo para a reeleição.

Dilma saiu da condição de "poste" para a vitória de 2010 embalada por uma popularidade recorde de Lula e por um crescimento econômico de 7,5%. Tudo fazia sentido.

Em 2014, Lula anda meio sumido, a popularidade da presidente é sofrível, a previsão de crescimento é de mísero 1% e o efeito da política econômica desses três anos e meio desaba no empresariado e no eleitorado na pior hora.

O dia 19 vem aí e a proporção do tempo na TV é bem mais favorável a Dilma do que a das doações de campanha. Mas para falar da era Lula e esquecer a era Dilma. Com a TV, ou vai ou racha --inclusive os aliados.

 
04 de agosto de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

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