"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

EXCLUÍRAM O POVÃO!

   


Quanto à performance dos jogadores, a tática do Felipão ou o pênalti inexistente marcado pelo nosso amigo nipônico, são assuntos por conta dos colegas especializados em futebol.

Não dá para ficar calado, porém, a respeito da profunda distorção social que o início da copa do mundo vai revelando.
Quem assiste as transmissões, desde quinta-feira, tem a impressão de estarmos na Suécia, tantas lourinhas flagradas pelas câmeras em meio à euforia de um público bem vestido e elitizado.
Negros e mulatos foram vistos só bissextamente, com o agravante de não ter aparecido nenhum torcedor trajado da forma modesta como a maioria de nosso povo.

Os estádios, mais parecidos com palácios, podem ter deslumbrado os turistas, mas pouco tem a ver com a realidade do país. Em suma, um espetáculo para os bem aquinhoados, claro que por conta do altíssimo preço dos ingressos, inacessíveis aos operários de salário mínimo.

E AS GERAIS?

Não há como deixar de comparar a atual copa com aquela outra, de 1950, quando em vez dos 60 mil privilegiados de hoje, compareciam 150 e até 200 mil pessoas, no antigo Maracanã. Lá, havia espaço nas “gerais”, onde a preços módicos as partidas eram assistidas de pé, alegria dos menos afortunados.

Para não falar nas arquibancadas onde a gente sentava no cimento, quando podia sentar, em meio à multidão feliz.

Agora, o povão está excluído da copa, obrigado a ver os jogos nos telões montados em praça pública ou nos monitores dos botequins. Por muitos anos, no Rio, os Fla-Flus reuniam a massa, pois o futebol era delas, além da classe média. Em São Paulo, a mesma coisa diante do embate entre Corinthians e Palmeiras, no Pacaembu.

Sobre o comportamento das massas, Nelson Rodrigues definiu muito bem ao escrever que elas vaiavam até minuto de silêncio, mas educadamente, ao contrário dos tempos atuais quando se ouvem chavões obscenos e desnecessários. E por um público menos numeroso, com dinheiro no bolso.

Uma palavra sobre a presidente Dilma, que demonstrou covardia ao não abrir a solenidade,
escondendo-se na tribuna de honra e deixando de inaugurar o certame. No entanto, enganou-se, caso tenha pensado em não perder votos por conta das vaias.
Porque foi descoberta pelas câmeras, mesmo em fugazes segundos, recebendo agressões verbais capazes de fazê-la meditar sobre as surpresas de outubro.
Na presença do secretário -geral das Nações Unidas e de governantes de diversos países, omitiu-se a nossa presidente, para satisfação do dono da Fifa, que também seria vaiado.

16 de junho de 2014
Carlos Chagas

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