Numa ofensiva militar de velocidade comparável à da desastrosa invasão americana de 2003, o grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) precisou de apenas alguns dias para tomar Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, e outras regiões no norte e no oeste do país.
A violenta ação do EIIL acelera a fragmentação territorial do Iraque e aproxima o país de mais um banho de sangue fratricida.
Evidenciam-se, assim, os limites da ocupação unilateral promovida pelos EUA e que, em nove anos, foi incapaz de aplacar as tensões sectárias do Iraque --pelo contrário, aprofundou-as, abrindo novo front para o terrorismo islâmico.
Maioria da população (pouco mais de 50%) e no comando do governo nacional, os xiitas controlam o sul, rico em petróleo, e Bagdá. Com pouca voz na capital, facções sunitas (25% do país) lutam, com estratégias distintas, para aumentar o controle a norte e oeste.
Há ainda os cerca de 20% de curdos, que gozam de relativa autonomia no nordeste iraquiano. Nesta semana, um grupo se aproveitou do caos para tomar a cidade multiétnica de Kirkuk, no norte.
Não se trata de fenômeno restrito ao Iraque. O EIIL é uma das principais forças da guerra civil contra o ditador da Síria, Bashar al-Assad. A organização tenta criar seu próprio Estado numa região entre esses dois países e já controla um território do tamanho da Jordânia, com população de 6 milhões.
Seria simplismo, porém, atribuir o avanço do EIIL à guerra síria. No Iraque, o radicalismo sunita cresce sobretudo por causa da asfixia política que o premiê xiita, Nuri al-Maliki, impõe às minorias.
Nesse cenário complexo, o presidente dos EUA, Barack Obama, tem escolhas difíceis pela frente. Herdeiro da invasão promovida 11 anos atrás por George W. Bush, resiste a um novo engajamento militar --as tropas americanas deixaram o país em 2011.
Ao mesmo tempo, é pressionado a agir. Relatos dão conta de que milícias se apoderam de armamento americano confiado às frágeis forças iraquianas. Há, além disso, a hipótese de surgir novo Estado fundamentalista no Oriente Médio.
As opções da Casa Branca, contudo, são limitadas. A própria Guerra do Iraque evidencia que, afora o elevado custo econômico e humano (mais de 4.000 americanos morreram no confronto), ações militares unilaterais tendem a ser contraproducentes.
A violenta ação do EIIL acelera a fragmentação territorial do Iraque e aproxima o país de mais um banho de sangue fratricida.
Evidenciam-se, assim, os limites da ocupação unilateral promovida pelos EUA e que, em nove anos, foi incapaz de aplacar as tensões sectárias do Iraque --pelo contrário, aprofundou-as, abrindo novo front para o terrorismo islâmico.
Maioria da população (pouco mais de 50%) e no comando do governo nacional, os xiitas controlam o sul, rico em petróleo, e Bagdá. Com pouca voz na capital, facções sunitas (25% do país) lutam, com estratégias distintas, para aumentar o controle a norte e oeste.
Há ainda os cerca de 20% de curdos, que gozam de relativa autonomia no nordeste iraquiano. Nesta semana, um grupo se aproveitou do caos para tomar a cidade multiétnica de Kirkuk, no norte.
Não se trata de fenômeno restrito ao Iraque. O EIIL é uma das principais forças da guerra civil contra o ditador da Síria, Bashar al-Assad. A organização tenta criar seu próprio Estado numa região entre esses dois países e já controla um território do tamanho da Jordânia, com população de 6 milhões.
Seria simplismo, porém, atribuir o avanço do EIIL à guerra síria. No Iraque, o radicalismo sunita cresce sobretudo por causa da asfixia política que o premiê xiita, Nuri al-Maliki, impõe às minorias.
Nesse cenário complexo, o presidente dos EUA, Barack Obama, tem escolhas difíceis pela frente. Herdeiro da invasão promovida 11 anos atrás por George W. Bush, resiste a um novo engajamento militar --as tropas americanas deixaram o país em 2011.
Ao mesmo tempo, é pressionado a agir. Relatos dão conta de que milícias se apoderam de armamento americano confiado às frágeis forças iraquianas. Há, além disso, a hipótese de surgir novo Estado fundamentalista no Oriente Médio.
As opções da Casa Branca, contudo, são limitadas. A própria Guerra do Iraque evidencia que, afora o elevado custo econômico e humano (mais de 4.000 americanos morreram no confronto), ações militares unilaterais tendem a ser contraproducentes.
16 de junho de 2014
Editorial Folha de SP
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