Creio que deve haver poucos cariocas da minha idade que não tenham a lembrança do Dr. Sobral caminhando a passos curtos e apressados pelas calçadas próximas da Rua Debret, 23, onde ficava seu escritório
Um gigante pequenino, uma fortaleza com aparência frágil, uma voz fraquinha que calava multidões, um homem que sabia muito bem o que valia, mas não tinha a menor noção do que fosse soberba.
Vou chover no molhado ao dizer que chorei ao assistir na Globo News o documentário Sobral, O Homem Que Não Tinha Preço, pois com certeza choramos eu e a torcida do Flamengo, além da torcida do América, naturalmente.
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Duas coisas sobressaem nesse esplêndido documentário. A figura do Dr. Sobral e como o Brasil, com pequenos intervalos, desde 1937, tem sido muito feio.
Do Estado Novo de Vargas à tentativa de golpe de 61 à hedionda Ditadura Militar de 64, Dr. Sobral nunca perdeu a Fé na vitória do Bem, nem o entusiasmo em lutar por aquilo em que acreditava. Enfrentava qualquer um, dedo em riste, para dizer o que achava pertinente dizer naquele momento, fosse para defender um preso, um condenado, fosse para convencer os incrédulos de qual devia ser o caminho do Homem Reto.
A prisão dele em Goiânia após sua resposta ao major que fora prendê-lo: Preso coisa nenhuma!, deve ter sido um susto para aqueles milicos que tiveram que usar força física para levar preso aquele senhor miúdo, já com mais de 70 anos...
Aprenderam ali que aquele homem não se dobrava a nada a não ser à Justiça e às Liberdades.
A mensagem que deixa aos jovens é para que usem argumentos e palavras para defender o Direito e nunca a violência e a força física, pois se ele, em jovem, conheceu um mundo assim, não pode haver nada que impeça o Brasil de ser o reino do respeito às Leis.
Tem uma passagem na qual ele diz que o mal do Brasil foi a proclamação da República ter sido feita por militares: eles passaram a se achar donos do país! Sozinha, aqui em minha salinha, bati palmas ao ouvir esse trecho.
Conheci um advogado que estagiou no escritório do Dr. Sobral, por isso senti falta de um depoimento que falasse do chefe que ele foi: bom, generoso, exigente, bem humorado, grato e sempre preocupado com o bem estar e a saúde de quem se dedicava a ajudá-lo em sua cansativa atividade.
Concordo que ele não deve ser visto como um D. Quixote. Não, ele não era uma figura de ficção lutando contra moinhos de vento. Era um homem de carne e osso que lutava contra monstros de verdade e poderosos.
Uma das pessoas que lhe devem a vida é o artista gráfico Rogério Duarte, um devoto Hare Krishna. Seu sonho é que haja algum herdeiro, um descendente espiritual do Dr. Sobral que venha restaurar nossa ética. Estamos carentes; eu vou tentar renovar em mim a Fé do Dr. Sobral na vitória do Bem, e me juntar ao Rogério na mesma prece.
Se Deus pudesse nos abençoar outra vez...
14 de abril de 2014
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, professora e tradutora
Vou chover no molhado ao dizer que chorei ao assistir na Globo News o documentário Sobral, O Homem Que Não Tinha Preço, pois com certeza choramos eu e a torcida do Flamengo, além da torcida do América, naturalmente.
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Duas coisas sobressaem nesse esplêndido documentário. A figura do Dr. Sobral e como o Brasil, com pequenos intervalos, desde 1937, tem sido muito feio.
A prisão dele em Goiânia após sua resposta ao major que fora prendê-lo: Preso coisa nenhuma!, deve ter sido um susto para aqueles milicos que tiveram que usar força física para levar preso aquele senhor miúdo, já com mais de 70 anos...
Aprenderam ali que aquele homem não se dobrava a nada a não ser à Justiça e às Liberdades.
A mensagem que deixa aos jovens é para que usem argumentos e palavras para defender o Direito e nunca a violência e a força física, pois se ele, em jovem, conheceu um mundo assim, não pode haver nada que impeça o Brasil de ser o reino do respeito às Leis.
Tem uma passagem na qual ele diz que o mal do Brasil foi a proclamação da República ter sido feita por militares: eles passaram a se achar donos do país! Sozinha, aqui em minha salinha, bati palmas ao ouvir esse trecho.
Conheci um advogado que estagiou no escritório do Dr. Sobral, por isso senti falta de um depoimento que falasse do chefe que ele foi: bom, generoso, exigente, bem humorado, grato e sempre preocupado com o bem estar e a saúde de quem se dedicava a ajudá-lo em sua cansativa atividade.
Concordo que ele não deve ser visto como um D. Quixote. Não, ele não era uma figura de ficção lutando contra moinhos de vento. Era um homem de carne e osso que lutava contra monstros de verdade e poderosos.
Uma das pessoas que lhe devem a vida é o artista gráfico Rogério Duarte, um devoto Hare Krishna. Seu sonho é que haja algum herdeiro, um descendente espiritual do Dr. Sobral que venha restaurar nossa ética. Estamos carentes; eu vou tentar renovar em mim a Fé do Dr. Sobral na vitória do Bem, e me juntar ao Rogério na mesma prece.
Se Deus pudesse nos abençoar outra vez...
14 de abril de 2014
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, professora e tradutora
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