O simbolismo da operação de busca e apreensão na Petrobrás pela Polícia Federal é computado nos meios políticos como dano eleitoral que abala ainda mais o poder competitivo da presidente Dilma Rousseff , em busca da reeleição.
Porém, mais afasta do que aproxima o ex-presidente Lula de uma candidatura em 2014. Segundo o raciocínio, o ex-presidente é o sujeito (nem tão) oculto do enredo que, nas aparências, abala apenas a presidente e reforça o pretexto para a troca de candidatos.
As operações da Petrobrás investigadas pela Polícia Federal ocorreram no seu governo e, em que pese dele ter feito parte também a presidente, na condição de ministra das Minas e Energia e, depois, da Casa Civil, a fonte de poder era Lula.
É um contexto em que o pau que bate em Chico bate em Francisco. Se candidato, como deseja uma parcela do PT, Lula terá de enfrentar o mesmo calvário de denúncias que desabam sobre a sucessora, com a agravante de ter sido o chefe do governo à época dos acontecimentos.
Os malfeitos na Petrobrás ocorreram não só sob as vistas de ambos, mas com uma divergência, agora revelada pela presidente, quanto ao pivô das investigações, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso sob acusação de conduzir uma operação de lavagem de dinheiro a partir de contratos intermediados junto à empresa.
Na versão da presidente, Costa sustentou-se como diretor à sua revelia e contra sua vontade. Outro preso, o doleiro Alberto Youssef, tem notórias ligações com parlamentares (ele soma 47 em suas contas), o mais vistoso, o ex-vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), cujo mandato pôs a serviço de um projeto de desvio de recursos públicos concebido por ambos.
Não por acaso, sumido do noticiário, Lula voltou à cena ao mesmo tempo em que a CPI da Petrobrás deu às denúncias alguma expectativa de investigação, fora do controle do governo.
O ex-presidente se insere no enredo como advogado da afilhada política, mas o faz em causa própria.
Não se sabe integralmente o teor da recente conversa de três horas entre Dilma e Lula, mas é certo que a versão da presidente para a aprovação da compra da refinaria de Pasadena, considerada pelo PT um tiro no pé, acendeu a luz amarela na relação entre criador e criatura.
Vai ganhando sentido agora a iniciativa de Dilma de situar-se como vítima de omissão da Petrobrás para fazer aprovar uma operação que, conhecidos seus termos , dela não receberia chancela.
Com a sua manifestação, Dilma vincula seu antecessor às fontes dos problemas do PT diante do que se afigura um escândalo maior ou da mesma proporção do mensalão.
14 de abril de 2014
João Bosco, O Estado de S.Paulo
Porém, mais afasta do que aproxima o ex-presidente Lula de uma candidatura em 2014. Segundo o raciocínio, o ex-presidente é o sujeito (nem tão) oculto do enredo que, nas aparências, abala apenas a presidente e reforça o pretexto para a troca de candidatos.
As operações da Petrobrás investigadas pela Polícia Federal ocorreram no seu governo e, em que pese dele ter feito parte também a presidente, na condição de ministra das Minas e Energia e, depois, da Casa Civil, a fonte de poder era Lula.
É um contexto em que o pau que bate em Chico bate em Francisco. Se candidato, como deseja uma parcela do PT, Lula terá de enfrentar o mesmo calvário de denúncias que desabam sobre a sucessora, com a agravante de ter sido o chefe do governo à época dos acontecimentos.
Os malfeitos na Petrobrás ocorreram não só sob as vistas de ambos, mas com uma divergência, agora revelada pela presidente, quanto ao pivô das investigações, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso sob acusação de conduzir uma operação de lavagem de dinheiro a partir de contratos intermediados junto à empresa.
Na versão da presidente, Costa sustentou-se como diretor à sua revelia e contra sua vontade. Outro preso, o doleiro Alberto Youssef, tem notórias ligações com parlamentares (ele soma 47 em suas contas), o mais vistoso, o ex-vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), cujo mandato pôs a serviço de um projeto de desvio de recursos públicos concebido por ambos.
Não por acaso, sumido do noticiário, Lula voltou à cena ao mesmo tempo em que a CPI da Petrobrás deu às denúncias alguma expectativa de investigação, fora do controle do governo.
O ex-presidente se insere no enredo como advogado da afilhada política, mas o faz em causa própria.
Não se sabe integralmente o teor da recente conversa de três horas entre Dilma e Lula, mas é certo que a versão da presidente para a aprovação da compra da refinaria de Pasadena, considerada pelo PT um tiro no pé, acendeu a luz amarela na relação entre criador e criatura.
Vai ganhando sentido agora a iniciativa de Dilma de situar-se como vítima de omissão da Petrobrás para fazer aprovar uma operação que, conhecidos seus termos , dela não receberia chancela.
Com a sua manifestação, Dilma vincula seu antecessor às fontes dos problemas do PT diante do que se afigura um escândalo maior ou da mesma proporção do mensalão.
14 de abril de 2014
João Bosco, O Estado de S.Paulo
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