"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 15 de março de 2014

COMO O ISLÃ MOLDA A MANEIRA DOS MUÇULMANOS VIVEREM?


Como o Islã molda a maneira dos muçulmanos viverem? Os requisitos formais da religião formam a limitada base de uma estrutura bem maior de padrões que ampliam as regras formais do Islã, expandindo-as de forma inesperada e não planejada. Alguns exemplos:

segundo o Alcorão é terminantemente proibido consumir carne suína, o que levou ao virtual desaparecimento de porcos domesticados em áreas onde a maioria é muçulmana, provocando a substituição por carneiros e cabras. Estes por sua vez pastaram demasiadamente levando, ao que o geógrafo Xavier de Planhol classifica como "catastrófico desflorestamento", que por sua vez "é uma das principais razões da escassa paisagem mormente evidente nas regiões do Mediterrâneo dos países islâmicos". Observe o avanço das restrições alimentícias corânicas nas desertificações de vastas extensões de terras. O comando dos livros sagrados não tinha a intenção de provocar danos ecológicos, mas foi o que aconteceu.

Os padrões demasiadamente altos do Islã para a conduta governamental tiveram o significado histórico de que os líderes em atividade, com todas as deficiências, súditos muçulmanos alienados, respondessem negando-se a servir esses líderes em serviços administrativos e militares, fazendo com que os governantes buscassem pessoal em outros lugares. Isso resultou na implementação sistemática de escravos como soldados e administradores, criando assim uma poderosa instituição que durou um milênio a partir do século VIII.

Janízaros Otomanos constituíram a unidade militar mais duradoura e importante de soldados escravos.

A doutrina islâmica deixa uma marca indelével de sensação de superioridade muçulmana, um desdém em relação à fé e civilização alheias, abrangendo duas enormes implicações em tempos modernos: tornar os súditos muçulmanos os mais rebeldes do domínio colonial e não deixar que aprendam, com o Ocidente, a se modernizarem.

Os livros sagrados também imbuem uma hostilidade contra não muçulmanos, o que gera então a premissa sobre não muçulmanos acolherem hostilidade semelhante perante os muçulmanos. Em tempos modernos, essa projeção criou uma suscetibilidade às teorias de conspiração que englobam uma série de consequências práticas: por exemplo, pelo fato de apenas muçulmanos temerem que as vacinas contra a poliomielite tornem, de forma clandestina, suas crianças estéreis, a pólio se tornou, de fato, um flagelo somente muçulmano em 26 países.

A peregrinação anual à Meca, o haj islâmico, começou no século VII, como costume local, e então se tornou um encontro internacional que facilita a troca de tudo, de ideias islamistas e movimentos políticos (o Idrissi da Líbia) a artigos de luxo, marfim-vegetal, (borracha para o Sudeste da Ásia, arroz para a Europa) e doenças (meningococo, infecções da pele, doenças diarréicas infecciosas e doenças transmissíveis pelo sangue e infecções das vias respiratórias, incluindo talvez a nova Coronavírus Mers).

O haj cresceu de uma cerimônia local para um evento internacional em que ocorreram muitas trocas importantes.

Outras restrições islâmicas trazem consigo implicações negativas não premeditadas na saúde. O imperativo do recato legou algumas mulheres muçulmanas a usarem vestimentas que cobrem a cabeça e o corpo (nicabes e burcas) causando deficiência de vitamina D, desestimulando a prática de exercícios, além de estarem associadas a uma série de problemas de saúde, incluindo sarna, doenças respiratórias, raquitismo, osteomalácia e esclerose múltipla.

O jejum diurno durante o Ramadã frequentemente leva muçulmanos devotos a se exercitarem menos e a "exagerarem na comida na quebra do jejum, normalmente a refeição é composta de alimentos gordurosos e pesados, ricos em calorias", conforme observa a Sociedade de Diabetes dos Emirados. Uma pesquisa em

Jedá, Arábia Saudita, constatou que 60% dos entrevistados relataram ganho excessivo de peso após o Ramadã.

Ironicamente, o Ramadã é tanto um mês de jejum quanto de comilança.

A preferência por casamentos entre primos de primeiro grau, que relembra os velhos tempos das práticas tribais pré-islâmicas (para conservar a riqueza na família e se beneficiar da fertilidade das filhas), por aproximadamente cinquenta gerações levou ao alastramento da endogamia, gerando consequências negativas, incluindo cerca de duas vezes a taxa de incidência de doenças genéticas como a talassemia, anemia de célula, atrofia muscular espinhal, diabetes, surdez e autismo.

Em relação às mulheres, restrições quanto à proteção mahram por parentes do sexo masculino, um status social e jurídico muito inferior, combinado para criar padrões insensatos como reclusão física, obsessão com a virgindade, assassinatos em nome da honra, mutilação genital feminina e apartheid sexual (estilo saudita). A poligamia cria ansiedade permanente nas esposas.

Embora os órfãos desfrutem de um status honrado na lei islâmica (kafala), a honra está ligada a uma estrutura tribal incompatível com a sociedade moderna, resultando em órfãos muçulmanos constantemente discriminados, até por muçulmanos no Ocidente.

As escrituras islâmicas formaram a base a partir da qual outros padrões foram evoluindo, incluindo: a criação de dinastias por meio de conquistas, não através de derrubadas internas, problemas intermitentes com sucessões dinásticas, poder levando à riqueza, não o oposto, a quase ausência de governos municipais, regulamentação inadequada das cidades, leis criadas para fins específicos e calculados, legislação informal, dependência das hawalas para a transferência de dinheiro e a prática de terrorismo suicida.

Padrões insensatos, às vezes chamados de Islamicate, mudam com o passar do tempo, alguns como (soldados escravos) acabando enquanto outros (pólio) começando recentemente. Esses padrões continuam tão fortes hoje quanto nos tempos pré-modernos e são a chave para entender o Islã e a vida muçulmana.

15 de março de 2014Daniel Pipes
The Washington PostDaniel Pipes
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