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Nota de Olavo de Carvalho: Leiam o que Juliana Chainho escreveu
Para reconhecer uma inteligência superior à sua, basta ter inteligência. Para refutar uma filosofia, é necessário conhecimento. Inteligência e conhecimento não são sinônimos.
Ser burro por conveniência tem um nome: maldade.
Uma vez que compreender um autor - considerado outrora relevante - vem agora precedido de má vontade, ocorre o embotamento da inteligência para com o assunto propriamente dito e não só. A inteligência não é um bem adquirido que fica ali intacto e incólume diante dos auto-enganos. E o conhecimento que se adquiriu fica subjugado, quer a inteligência esteja iluminada, quer esteja embotada. Ele pode ser usado feito arma.
Na verdade, discordar por princípio, ou seja, definir mentalmente que irá discordar e sair depois à busca de discordância não é nada diferente da profecia auto-realizável, é óbvio que existirão discordâncias.Se uma pessoa, por princípio, decide xingar quem discorda do seu mestre e depois de decidir mentalmente que passa a discordar desse mestre, começar a agir contra ele xingando, ou perseguindo agora quem concorda com ele, na verdade, a motivação da ação não mudou em absolutamente nada. Mudou apenas o time de futebol.
Tem-se empregado o termo "mestre" com veleidade e futilidade. Uma relação de mestre-discípulo não é coisa que se encontre na padaria.
É típico do brasileiro uma adesão imediata e irrestrita, mas superficial, apenas, a tudo que lhe ocorra. É uma desorientação generalizada. Parece que, em tempos de guerra, as pessoas sabem se orientar melhor.
Louis Lavelle, no primeiro capítulo de A Presença Total, diz:
... em épocas conturbadas, os homens na sua maioria não se deixam comover senão por uma filosofia que justifique o seu padecimento perante o presente, a sua ansiedade perante o futuro, a sua revolta face a um destino que são forçados a sofrer, sem serem capazes de dominar. A consciência busca uma amarga fruição nestes estados violentos e dolorosos, onde o amor-próprio está bem vivo, que pelo próprio impulso que imprimem ao corpo e à imaginação, nos dão, por fim, a ilusão de termos penetrado na raiz mesma do real. Não é senão aparentemente que se aspira a sair do seu cativeiro; temer-se-ia antes que não fossem suficientemente agudos, como um punção cujo movimento se quedasse incompleto.
Isto foi escrito num período entre-guerras. Nós, os brasileiros, não conhecemos essa realidade de perto. Não vivemos num território em guerra, não vivemos de perto duas guerras mundiais, que afetaram diretamente a vida do europeu. Contudo, a época conturbada que vivemos é ainda mais confusa. E o Brasil jamais conheceu a civilização ocidental plena. Desde que o nosso país existe, esta civilização vinha decadente. Coincidência ou não, Jacques Barzun data o início dessa decadência em 1500, ano de descoberta do nosso país, em seu Da Alvorada à Decadência - De 1500 à atualidade.
15 de março de 2014
Juliana Chainho
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