Presidente do Banco Central nega defasagem de preços, enquanto empresa defende equiparação de tarifas nacionais e internacionais para poder cumprir planos de investimento
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negou nesta terça-feira, 10, que exista subsídios do governo ao preço dos derivados de combustíveis vendidos nos postos de todo o Brasil. Além disso, de acordo com a autoridade monetária, os preços praticados no Brasil não estão em descompasso com os de outras economias.
A necessidade de importar combustível e vendê-lo por um preço abaixo do que paga tem prejudicado as finanças da empresa. Dados divulgados sobre o terceiro trimestre dão conta de endividamento de 36% na Petrobrás, acima dos 35% considerados de modo consensual como saudáveis pelo mercado.
A estatal já defendeu publicamente novo método automático de reajuste de preços para manter num mesmo nível tarifas nacionais e internacionais - o que foi bem recebido pelo mercado. Mas, apesar de recente reajuste da gasolina (4%) e no diesel (8%) após reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, esse gatilho proposto não entrou em vigor. A consequência disso, por sinal, foi desastrosa.
Sepultado esse projeto, o mercado agiu rapidamente e derrubou as cotações das ações da Petrobrás em mais de 10%. Como a vontade de membros do governo foi mais forte que a da direção da Petrobrás, ficou a mensagem de que a equipe de política econômica seguirá mexendo nos preços dos combustíveis bem mais preocupada com a inflação do que com as finanças da Petrobrás. Isso, justamente no momento em que a empresa precisa ter fôlego para cumprir com seu plano de investimento de R$ 236,7 bilhões até 2017 e explorar o pré-sal.
Tombini deu palestra e respondeu a perguntas em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. De acordo com ele, os preços administrados - como é o caso dos combustíveis - devem ter inflação de 4,5% neste ano. "Para 2015, ainda não temos projeção para os preços administrados, mas não deve ser muito diferente da meta", disse.
O presidente do Banco Central disse também que o repasse do reajuste da gasolina para o consumidor está "em linha" com o que a instituição esperava. "Estamos acompanhando esses dados semanalmente", afirmou.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, na primeira semana de novos preços a gasolina nos postos ficou 2,9% mais cara.
Sem complacência com a inflação. Disse Tombini também que o Banco Central nunca teve a visão de que um pouco mais de inflação geraria um pouco mais de crescimento.
A meta do BC para a inflação oficial (IPCA), de 4,5% em 12 meses, disse Tombini, segue inabalável. "É a que perseguimos e vamos continuar, ainda que em alguns momentos não tenha sido atingida. Não tem nada de errado com essa meta, ela é alcançável", afirmou.
A "tal da mudança da matriz macroeconômica", segundo Tombini, não só não faz parte do pensamento dos quadros do BC como também não está presente nos discursos de "ninguém com responsabilidade na área econômica da atual administração. "Não há trade off entre um pouquinho mais de inflação com um pouquinho mais de crescimento porque é um ganho que não se materializa", considerou.
10 de dezembro de 2013
Economia & Negócios e Agência Estado
Beto Barata/Estadão
A afirmação contradiz o que defende a Petrobrás. Em entrevista ao Estado há um mês, a própria presidente da empresa admite a defasagem de preços em relação aos do exterior.
A necessidade de importar combustível e vendê-lo por um preço abaixo do que paga tem prejudicado as finanças da empresa. Dados divulgados sobre o terceiro trimestre dão conta de endividamento de 36% na Petrobrás, acima dos 35% considerados de modo consensual como saudáveis pelo mercado.
A estatal já defendeu publicamente novo método automático de reajuste de preços para manter num mesmo nível tarifas nacionais e internacionais - o que foi bem recebido pelo mercado. Mas, apesar de recente reajuste da gasolina (4%) e no diesel (8%) após reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, esse gatilho proposto não entrou em vigor. A consequência disso, por sinal, foi desastrosa.
Sepultado esse projeto, o mercado agiu rapidamente e derrubou as cotações das ações da Petrobrás em mais de 10%. Como a vontade de membros do governo foi mais forte que a da direção da Petrobrás, ficou a mensagem de que a equipe de política econômica seguirá mexendo nos preços dos combustíveis bem mais preocupada com a inflação do que com as finanças da Petrobrás. Isso, justamente no momento em que a empresa precisa ter fôlego para cumprir com seu plano de investimento de R$ 236,7 bilhões até 2017 e explorar o pré-sal.
Tombini deu palestra e respondeu a perguntas em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. De acordo com ele, os preços administrados - como é o caso dos combustíveis - devem ter inflação de 4,5% neste ano. "Para 2015, ainda não temos projeção para os preços administrados, mas não deve ser muito diferente da meta", disse.
O presidente do Banco Central disse também que o repasse do reajuste da gasolina para o consumidor está "em linha" com o que a instituição esperava. "Estamos acompanhando esses dados semanalmente", afirmou.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, na primeira semana de novos preços a gasolina nos postos ficou 2,9% mais cara.
Sem complacência com a inflação. Disse Tombini também que o Banco Central nunca teve a visão de que um pouco mais de inflação geraria um pouco mais de crescimento.
A meta do BC para a inflação oficial (IPCA), de 4,5% em 12 meses, disse Tombini, segue inabalável. "É a que perseguimos e vamos continuar, ainda que em alguns momentos não tenha sido atingida. Não tem nada de errado com essa meta, ela é alcançável", afirmou.
A "tal da mudança da matriz macroeconômica", segundo Tombini, não só não faz parte do pensamento dos quadros do BC como também não está presente nos discursos de "ninguém com responsabilidade na área econômica da atual administração. "Não há trade off entre um pouquinho mais de inflação com um pouquinho mais de crescimento porque é um ganho que não se materializa", considerou.
10 de dezembro de 2013
Economia & Negócios e Agência Estado
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