"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

SATÉLITE DE BRASIL E CHINA CAI LOGO APÓS LANÇAMENTO

Lançamento de satélite sino-brasileiro fracassa
Falha no veículo lançador impediu que o satélite atingisse a órbita prevista
Chamado de CBERS-3, aparelho construído em parceria ajudaria no monitoramento do desmate da Amazônia

Fracassou a tentativa de colocar em órbita o satélite CBERS-3, o quarto do programa de observação da Terra que o Brasil mantém em parceria com a China.
 
O satélite caiu devido a uma falha no foguete que deveria colocá-lo em órbita, pouco após ter sido lançado ontem da base militar de Taiyuan, no norte da China.
 
Segundo a estatal chinesa Great Wall Industry, responsável pelo lançamento, o problema ocorreu na última fase do lançamento, quando o satélite se separa do foguete.
 
A propulsão do veículo lançador parou 11 segundos antes do previsto, impedindo ele imprimisse ao satélite a velocidade necessária para posicioná-lo em órbita.
 
"É como um estilingue. Se não puxar bem o elástico, a pedrinha cai bem na sua frente", comparou o vice-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Oswaldo Duarte Miranda.
 
A investigação para apurar a origem do problema deve levar pelo menos um mês.
 
Nos primeiros momentos, o lançamento deu a impressão de ter sido um sucesso. As condições meteorológicas eram boas, com dia claro e sem ventos. O lançamento foi feito no horário marcado, 11h26 (1h26 de Brasília). Chineses e brasileiros trocaram cumprimentos e seguiram para o banquete comemorativo.
 
O clima de festa entre os brasileiros aumentou quando técnicos chineses anunciaram que os painéis solares haviam se aberto e que outros sistemas do CBERS-3 funcionavam normalmente.
 
Menos de uma hora após o lançamento, veio a notícia de que o satélite não estava em órbita. O almoço foi tenso.
 
"Avaliações preliminares sugerem que o CBERS-3 tenha retornado ao planeta", disse um comunicado conjunto de chineses e brasileiros.
 
O fiasco pegou os dois lados de surpresa. O foguete chinês era o Longa Marcha 4B. Veículos desse modelo já haviam feito 34 lançamentos de satélites, sem falhas.
 
Os técnicos chineses estimaram que o CBERS-3 tenha caído no mar da Antártida.
 
Foi o fim de um satélite que levou oito anos para ficar pronto. O investimento do governo só nesse aparelho é estimado em R$ 289 milhões.
 
A construção é uma parceria entre Brasil e China. Cada país faz 50% do projeto. Já o lançamento é responsabilidade da China, embora o custo, de US$ 30 milhões, seja dividido entre os dois países.
 
Com a perda do CBERS-3, o Brasil vai continuar dependendo da compra de imagens de satélites de outros países. Desde 2010, quando o CBERS-2B deixou de operar, o Brasil não tem imagens próprias de sensoriamento remoto. O novo satélite ajudaria, em especial, o monitoramento do desmatamento da Amazônia.
 
O que resta ao país agora é tentar antecipar o lançamento do CBERS-4, um gêmeo do CBERS-3, previsto para 2015. Brasileiros e chineses farão hoje uma reunião para discutir o prazo mínimo em que ele pode ser lançado.
 
Os equipamentos estão prontos. Faltam a integração entre a parte chinesa e a brasileira e os testes. Mas técnicos afirmam que o processo exige no mínimo 14 meses.
 
O ministro Marco Antonio Raupp (Ciência e Tecnologia), que chefiou a delegação brasileira, admitiu que levou um "choque", mas disse que é preciso manter o programa. "A falha é a mãe do sucesso."
 
Na parceria Brasil-China, não há compensação para o caso de um incidente. Como a falha foi do lançador chinês, há a chance de o Brasil não pagar o custo do próximo lançamento. "É o que vamos buscar", disse Raupp.
 
10 de dezembro de 2013
MARCELO NINIO e GIULIANA MIRANDA - Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário