Meu avô não admitia essa expressão e a mera decomposição silábica dela dispensa maiores conhecimentos etimológicos para explicar o porque. Outros tempos… Mas não ha outra que defina tão precisamente o que está acontecendo.
Assim é com um pedido de desculpas por alguma sensibilidade que ainda resista por aí e possa ser ferida que registro que a resposta do companheiro “Vé Dirfeu” à confirmação da sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal abre a etapa final do processo de esculhambação geral da democracia brasileira.
Dá medo o país que vem vindo aí…
Entre o chorão José Genoíno e o José Dirceu que “não perde nunca”, o segundo é, com certeza, muito mais venenoso.
Quer dizer então que o articulador do Mensalão, que ele tramou principalmente de dentro de quartos de hotéis em vésperas de eleições, vai “pagar a pena” pelo “atentado à democracia” que perpetrou passando a véspera da próxima eleição na “gerência” de outro hotel que o “empregou” por 20 mil reais/mês (!) para confirma-lo no direito ao regime semiaberto de prisão reservado apenas a quem trabalha para viver!
Não poderia ser mais inequívoco!
O Hotel St. Peters, que oferecerá as mesmas conveniências para 2014 que os hotéis anteriormente usados para o mesmo fim pelo hoje “prisioneiro” ofereceram para a urdidura das “costuras” e “bordados” que levaram ao sucesso do PT em eleições anteriores, pertence a um daqueles híbridos de político e dono de rede de comunicações que vivem nas fronteiras da ilegalidade pondo ora um pé dentro ora um pé fora dela.
Paulo Abreu tem uma rede com mais de 10 rádios transmitindo ilegalmente para São Paulo. Os Abreu têm agentes dentro e fora do “Sistema” agindo coordenadamente para o mesmo fim, como os ex-deputados José e Dorival de Abreu, que conseguem concessões de rádio para Paulo em cidades próximas à capital de São Paulo.
Este, assim que as recebe, planta suas antenas na Avenida Paulista e passa a transmitir por cima das frequências das rádios legalizadas sob as vistas grossas de autoridades como, por exemplo, o amigo “Dirfeu” que, se já não era passa agora a ser um íntimo, e um íntimo com uma dívida de gratidão para com seu benfeitor.
É o momento que Paulo Abreu esperava para dar o bote com que sonha há anos, de ressuscitar a TV Excelsior, cujos direitos ele passou a deter pelos mesmos métodos que conquista suas rádios.
Uma bofetada direta na cara do ministro Joaquim Barbosa não teria efeito maior para desmoralizar o pouco que ainda não está desmoralizado no Supremo Tribunal Federal do que o mais notório entre os condenados por essa corte pelo Mensalão “cumprir sua pena” reincidindo acintosamente nos crimes pelos quais foi proibido de circular pelas ruas a bem do serviço e da segurança públicas.
Mas é exatamente isso que está pintando.
O que estamos assistindo, portanto, é a outra metade do Brasil passando a ser governada de dentro das penitenciárias, com o que o “Sistema” passa a ser um todo mais orgânico.
A primeira há tempos que já está nas mãos do PCC que manda e desmanda no que de mais espetacularmente pior é perpetrado aqui fora, apesar da polícia saber de antemão todas as barbaridades que eles ordenam.
Você já se acostumou a ver na Rede Globo – sempre depois que o irremediável acontece – aquelas gravações “sem cara” mas com letreiros pra que não fique dúvida sobre se você ouviu direito a barbaridade da hora – com a turma do PCC mandando comprar e vender drogas e armas, matar concorrentes, policiais, juízes e até govenadores; acionando os “seus deputados” no Congresso Nacional para “aliviar” aqui e ali; mandando “bondes” infiltrar as manifestações de griffe (aquelas feitas para abafar as de junho) e “botar pra quebrar” pra expulsar das ruas os não profissionais que, por alguns momentos, puseram o “Sistema” em sinuca…
Eles deitam e rolam, enfim, mas os celulares continuam funcionando nas celas dos presídios de segurança máxima na proporção de um por prisioneiro, segundo a ultima medição feita pelos arapongas, e a polícia continua ouvindo o que eles dizem só por esporte, já que não age antecipadamente em função disso.
Isto tudo se dá enquanto se desenrola a emocionante novela do “cartel da Alstom” que equipara vivos e mortos entre os poucos que ainda resistem ao PT a personagens de novelas da Globo, tais são as perfídias de que são acusados.
Eu não acredito em santos mas tudo tem um limite. Esse enredo passa, todos os dias, por uma reviravolta, sempre na mesma direção, que torna o caso cada vez mais irresistível para os atuais escrevinhadores de manchetes.
Primeiro o O Estado de S. Paulo publica, durante dois dias, matérias informando que na mesma denuncia contra seus opositores havia provas da mesma “formação de cartel” contra o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT), órgão do governo acusador, que controla as obras de metrô em quatro capitais da Republica, mas este “pormenor, que as televisões nem chegam a mencionar, é logo esquecido também pelos jornais, inclusive O Estado de S. Paulo.
Depois o “executivo da Siemens” a quem a denuncia inicial foi atribuída em pessoa consegue furar a barreira de silêncio e afirmar, passados já meses de intenso tiroteio, que não disse nada do que puseram em sua boca.
Sem problemas! A denúncia imediatamente “passa a ter partido” do Cade, órgão a quem caberia saber das coisas em matéria de cartéis mas levou quase 20 anos para se tocar que era isto que ele tinha em mãos ao longo destas duas décadas.
Vira daqui, vira dali, e o país é avisado de que quem comanda o Cade é o sobrinho do ministro-chefe da Casa Civil da presidenta Dilma que vai concorrer em 2014 contra os principais acusados e que, na cadeia de informantes que ele usou para fazer tudo chegar à imprensa há até comandantes da campanha eleitoral de sua excelência.
Sem problemas, de novo! A imprensa continua não desconfiando de nada como o personagem de Antônio Fagundes na novela atual. A denúncia passa, então, a “ter partido” do mesmo Ministro da Justiça do governo do PT que, desde o primeiro dia do imbroglio nega-se a autorizar o envio de uma cópia dela aos próprios acusados, que finalmente confessa que apesar de ter recebido “um documento apócrifo”, mandou-o, ele em pessoa, para a Polícia Federal que, então, assume a sua divulgação para a imprensa.
Mas ainda não é o fim!
Nem 48 horas tinham transcorrido desde que o ministro da Justiça assumiu a autoria da façanha em rede nacional de TV e surge a prova material de que a tradução do documento em inglês contendo a versão original das denúncias do tal empresário foi grosseiramente falsificada na tradução para o português para incluir os nomes e partidos dos “acusados” que convém ao PT acusar, que “nunca tinham sido mencionados nos originais”.
Mas mais uma vez não importa! Os jornais e TVs a quem vem sendo dado “acesso” a cada capítulo dessa novela não se fazem de rogados. Seguem mais preocupados em festejar os seus “furos”, mesmo aqueles que os “furos” seguintes comprovam falsos, e o ventilador segue espalhando a lama apenas sobre quem os autores do folhetim querem que seja atingido.
Enfim, é assim que funciona a “imprensa de CEO” cujos diretores de redação com rarefeita experiência em jornalismo têm de provar todos os meses, com números, a Conselhos de Administração sem nenhuma noção de jornalismo, que têm se desempenhado a contento.
E como das poucas coisas redutíveis a números no seu metier é a comparação entre o numero de “furos” a que ele “teve acesso” em relação ao número de “furos” a que “teve acesso” o seu concorrente, o Brasil vai em marcha batida para o despenhadeiro.
Novelas como a descrita acima só se tornam possíveis porque, de par com a “profissionalização da política” e a “profissionalização do crime”, uma coisa sempre andando nas vizinhanças da outra, também a imprensa mudou de mãos de um tipo de profissional regido por um determinado código de ética para outro tipo de profissional regido por outro tipo de código de ética, tornando-se tão impossível sobreviver o jornalismo responsável e com coragem para avaliar situações e agir em função de todos os componentes e nuances que, para além das palavras, determinam o significado dos fatos em vez de seguir manuais e metas de fábricas de salsicha, quanto se tornou impossível um estadista sobreviver num ambiente político onde as regras do jogo e os destinos da Nação são decididos em celas de penitenciárias e em quartos de hotéis entre pacotes de dinheiro enfiados sofregamente em meias e cuecas.
E por essas e outras, a imprensa já não conduz nem a si mesmo segundo os velhos cânones que fizeram dela uma instituição auxiliar das democracias. Passou a ser passivamente conduzida pelas “fontes”, o que a transformou numa perigosa bateria de canhões que atira a esmo todo e qualquer petardo que se lhe enfie na culatra.
O Brasil está, portanto, diante da tempestade perfeita de modo que amarrem tudo no convés porque não vai ser mole meeeesmo.
01 de dezembro de 2913
vespeiro
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