Favorita quer elevar carga tributária das empresas para financiar mudanças no problemático setor educacional
A expectativa sobre o segundo turno hoje da eleição presidencial no Chile deve se resumir ao percentual de votos a ser obtido pela franca favorita, a ex-presidente Michele Bachelet, da coligação oposicionista de centro-esquerda Nova Maioria. A característica mais marcante do pleito é a disputa entre duas mulheres: sua adversária é Evelyn Matthei, da coligação de centro-direita que está no governo com o presidente Sebastián Piñera. No primeiro turno, Bachelet, com 46,6% dos votos e Matthei, com 25,01%, bateram outros sete candidatos. Uma curiosidade: elas conviveram na infância, pois seus pais eram oficiais da Aeronáutica e amigos, antes de se tornarem adversários. O pai de Bachelet foi morto pela ditadura militar, da qual fez parte o pai de Matthei.
Bachelet, que presidiu o Chile de 2006 a 2010 como integrante da frente Concertação, agora se apresenta com uma plataforma mais à esquerda. Na sua opinião, o país vive um novo momento social, político e econômico e, por isso, precisa de reformas mais profundas, concentradas nas áreas educacional, tributária e constitucional. Por sua vez, Matthei tem como objetivo impulsionar as políticas de Piñera, baseadas em estímulo ao crescimento econômico e criação de empregos.
O modelo de educação privatista adotado ainda pela ditadura militar tem sido fonte das maiores dores de cabeça no país: jovens tomaram ruas e praças aos milhares, no primeiro governo Bachelet e no de Piñera, reivindicando reformas, entre elas a redução do custo do ensino universitário. O programa de Bachelet propõe uma profunda reforma educacional para alcançar, entre outros objetivos, a gratuidade da educação superior num prazo de seis anos e fortalecer a ensino público, com queda progressiva da participação privada no ensino. Para financiar as mudanças, promete elevar em cinco pontos percentuais os impostos das empresas, como parte de uma reforma tributária para arrecadar US$ 8,2 bilhões. Este será um teste para seu governo, pois poderá enfrentar forte resistência política. Contempla, ainda, uma reforma constitucional.
Matthei, que mira na classe média, defende incentivos às pequenas e médias empresas, para obter um crescimento médio de 5% (ele foi de 5,6% em 2012 e está projetado em 4,6% este ano), o que geraria mais recursos para investimento e luta contra a pobreza.
O Chile tem o modelo mais bem-sucedido da América Latina, mas ainda precisa reduzir as desigualdades internas e está sujeito à desaceleração global da atividade econômica. Provável vencedora, Bachelet deverá ser cautelosa para não pôr em risco, com suas reformas, o que o país conquistou nos últimos anos: estabilidade política e econômica, ampla abertura comercial e inserção em dinâmicos blocos comerciais, como a Aliança do Pacífico.
A expectativa sobre o segundo turno hoje da eleição presidencial no Chile deve se resumir ao percentual de votos a ser obtido pela franca favorita, a ex-presidente Michele Bachelet, da coligação oposicionista de centro-esquerda Nova Maioria. A característica mais marcante do pleito é a disputa entre duas mulheres: sua adversária é Evelyn Matthei, da coligação de centro-direita que está no governo com o presidente Sebastián Piñera. No primeiro turno, Bachelet, com 46,6% dos votos e Matthei, com 25,01%, bateram outros sete candidatos. Uma curiosidade: elas conviveram na infância, pois seus pais eram oficiais da Aeronáutica e amigos, antes de se tornarem adversários. O pai de Bachelet foi morto pela ditadura militar, da qual fez parte o pai de Matthei.
Bachelet, que presidiu o Chile de 2006 a 2010 como integrante da frente Concertação, agora se apresenta com uma plataforma mais à esquerda. Na sua opinião, o país vive um novo momento social, político e econômico e, por isso, precisa de reformas mais profundas, concentradas nas áreas educacional, tributária e constitucional. Por sua vez, Matthei tem como objetivo impulsionar as políticas de Piñera, baseadas em estímulo ao crescimento econômico e criação de empregos.
O modelo de educação privatista adotado ainda pela ditadura militar tem sido fonte das maiores dores de cabeça no país: jovens tomaram ruas e praças aos milhares, no primeiro governo Bachelet e no de Piñera, reivindicando reformas, entre elas a redução do custo do ensino universitário. O programa de Bachelet propõe uma profunda reforma educacional para alcançar, entre outros objetivos, a gratuidade da educação superior num prazo de seis anos e fortalecer a ensino público, com queda progressiva da participação privada no ensino. Para financiar as mudanças, promete elevar em cinco pontos percentuais os impostos das empresas, como parte de uma reforma tributária para arrecadar US$ 8,2 bilhões. Este será um teste para seu governo, pois poderá enfrentar forte resistência política. Contempla, ainda, uma reforma constitucional.
Matthei, que mira na classe média, defende incentivos às pequenas e médias empresas, para obter um crescimento médio de 5% (ele foi de 5,6% em 2012 e está projetado em 4,6% este ano), o que geraria mais recursos para investimento e luta contra a pobreza.
O Chile tem o modelo mais bem-sucedido da América Latina, mas ainda precisa reduzir as desigualdades internas e está sujeito à desaceleração global da atividade econômica. Provável vencedora, Bachelet deverá ser cautelosa para não pôr em risco, com suas reformas, o que o país conquistou nos últimos anos: estabilidade política e econômica, ampla abertura comercial e inserção em dinâmicos blocos comerciais, como a Aliança do Pacífico.
15 de dezembro de 2013
Editorial d' O Globo
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