Animada pela pesquisa CNI/Ibope que lhe conferiu 43% de aprovação, cinco pontos percentuais acima do levantamento de setembro, a presidente Dilma Rousseff comemorou no estilo que lhe ensinaram: em cima do palanque.
Na sexta-feira, ao inaugurar o Hospital das Clínicas José de Alencar, em São Bernardo do Campo (SP), popularizou o discurso, e, para delírio de Lula e do ministro-candidato Alexandre Padilha, copiou o patrono e disse que não fora eleita para construir "muquifo para o povo brasileiro".
Só não contou para o distinto público, muito menos para os que vivem em muquifos e dependem do atendimento público, que apenas 70 dos 293 leitos da unidade estavam sendo entregues. O resto, só em 2015.
Saúde é uma pedra que deixou calos em Lula e insiste em perturbar Dilma. A mesma pesquisa que recoloca a presidente em uma zona de conforto aponta que 52% consideram que essa é a área de pior desempenho do seu governo, índice semelhante ao de antes das manifestações juninas, quando, ao lado de diversas outras agruras, a insatisfação com a Saúde bateu em 71%.
Nem os médicos cubanos, importados como commodities da ilha dos Castro, parecem resolver. E daí? Antes de tudo, eles servem para exorcizar as críticas que o governo recebe sobre a débil gestão da Saúde. E para engrossar o discurso de campanha de Padilha, nome de Lula para disputar o governo de São Paulo.
Seguindo o script de sucesso de Lula para seus apadrinhados, o ministro da Saúde virou arroz de festa. É presença certa em qualquer evento do PT paulista.
Mas os fatos parecem embirrar com o candidato. Precisava ele de um novo surto de dengue com 388 casos em 10 dias em Belo Horizonte, mais de 96 mil no ano na capital mineira; quase 218 mil no estado do Rio até novembro; 36 mil no litoral paulista, com sete mortes? Muito menos de relatos apontando que no SUS a espera para uma consulta com especialistas não raro ultrapassa um ano, meses a fio para realizar um exame, outros tantos para se conseguir procedimentos de média complexidade.
Lula e Dilma sabem que os maiores nós da Saúde não foram nem afrouxados, quanto mais desatados. Alguns deles até viraram promessas de campanha – 8.600 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas -, expostas entre os 13 motivos para se votar em Dilma em 2010. Mas sequer saíram do panfleto.
As 500 UPAs estão no site do PAC como projeto para 2014. Um aviso “leia mais” remete o usuário para uma página do portal do Ministério da Saúde que informa: área em manutenção. Ou seja, UPA, nem mesmo no mundo virtual.
O pior muquifo é o ludibrio, a mentira, a enganação.
15 de dezembro de 2013
Mary Zaidan
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