"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 2 de novembro de 2013

SIMON COMPARA BLACK BLOCS AOS TERRORISTAS DA AL QAEDA. E LULA, SENADOR?

BLACK BLOCS: Senador Pedro Simon compara-os aos terroristas da Al Qaeda, chama-os de “bandoleiros” e diz que reprimir os vândalos é defender a democracia e a sociedade


Simon: baderneiros mascarados são terroristas e "celerados" e devem ser reprimidos com firmeza (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)
Simon: baderneiros mascarados são terroristas e “bandoleiros” e devem ser reprimidos com firmeza (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

O venerando senador Pedro Simon (PMDB-RS), já perto de seus 84 anos de idade e uma das referências morais do Congresso — tão necessitado de políticos assim — pronunciou hoje um duríssimo ataque aos vândalos que se autodenominam “black blocs”, comparando-os aos terroristas da Al Qaeda, chamando-os de “celerados”, de “mascarados da estupidez” e dizendo que “reprimir a violência absurda e sem sentido do grupo bandoleiro dos Black Blocs é um ato claro do Estado para a proteção e segurança da sociedade”.
 
Vale a pena conferir o discurso de Simon:
 
Senhor Presidente, senhoras e senhores senadores,
 
Imaginem a seguinte cena, por mais absurda que seja:
 
Uma dúzia de mascarados dos Black Blocs invade dois aviões Boeing, decolam, sobrevoam Brasília e jogam deliberadamente os aviões sobre dois alvos preferenciais:
 
Um, sobre o Congresso Nacional, símbolo do poder do povo;
 
Outro, sobre o Palácio do Planalto, sede executiva do principal governante do país.
Já imaginaram esta cena?
 
Pois algo parecido acaba de acontecer aqui mesmo no Brasil, dias atrás, em São Paulo.
 
Na tarde de segunda-feira (28), manifestantes, muitos deles mascarados, todos eles exaltados, decidiram protestar contra a morte de um estudante pela polícia.
 
Bloquearam na capital paulista a saída norte da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais.
 
Interromperam o trânsito, invadiram os veículos paralisados no trânsito, evacuaram os ônibus, retiraram os motoristas dos caminhões retidos pelo movimento.
 
Fizeram mais. Fizeram pior.
 
Queimaram cinco ônibus e três caminhões.
 
A cena mais terrível, contudo, ficou por conta de um caminhão-tanque capturado pelos manifestantes.
 
Retiraram o motorista da cabine, tomaram o controle do veículo, manobraram, deram marcha à ré e começaram a rodar em alta velocidade pela rodovia paralisada.
 
Parecia uma travessura de criança.
 
Três manifestantes se penduraram no para-choque traseiro, outros dois se agarraram à carroceria, enquanto um terceiro se equilibrava perigosamente sobre o vagão de carga.
 
Outro viajava na boleia do lado direito, enquanto o oitavo manifestante dirigia o veículo sem destino.
 
Era muito mais do que uma travessura.
 
Era uma perigosa, letal imprudência cometida a bordo de um veículo com tanque para transporte de 30 mil litros de combustível.

 Simon: "O que mais assusta, tanto quanto a violência ativa de um bando de celerados, é a presença passiva das autoridades diante dos atos e fatos de ostensiva agressão à ordem pública e à paz das comunidades" (Foto: Gabriela Batista)
Black blocks: segundo o senador,  “o que mais assusta, tanto quanto a violência ativa de um bando de celerados, é a presença passiva das autoridades diante dos atos e fatos de ostensiva agressão à ordem pública e à paz das comunidades” (Foto: Gabriela Batista)

Se não tivesse sido parado por policiais, mais adiante, e apeado de lá, o grupo do caminhão-tanque poderia ter continuado sua rota ameaçadora em direção ao imponderável, ao impensável.
 
Poderia ter jogado o caminhão e sua carga inflamável sobre uma barreira policial, sobre um grupo de residências, sobre o prédio do MASP, sobre o Palácio dos Bandeirantes, sobre a Catedral da Sé, sobre qualquer coisa que pudesse imaginar a cabeça insensata daqueles insanos.
 
Isso poderia ter acontecido no Rio de Janeiro, em Brasília, em qualquer lugar.
 
Pois isso, senhores senadores, já aconteceu em Nova York, em 2001.
 
Em 11 de setembro, 19 Black Blocs sem máscara da Al-Qaeda tomaram quatro Boeing e cometeram o mais devastador ataque terrorista da História.
 
Um Boeing 767, o voo 175 da United Airlines, com 56 passageiros e nove tripulantes, decolou de Boston às 7h59m.
 
O Boeing decolou naquela manhã ensolarada com destino a Los Angeles, a 4.190 km de distância.
 
Cheios de combustível, seus tanques com capacidade para 70 mil litros têm autonomia para um voo de até 10.600 km.
 
Como Los Angeles está a menos da metade disso, o Boeing voava com meia carga nos seus tanques, pouco mais de 35 mil litros.
 
O voo 175 deveria durar 6 horas e 35 minutos, mas acabou apenas uma hora e quatro minutos depois.
 
Tomado pelos Black Blocs da Al Qaeda, o Boeing foi desviado para Nova York até se chocar com a Torre Sul do World Trade Center, às 9h3m.
 
Isso aconteceu 17 minutos após a Torre Norte ser atingida por outro Boeing sequestrado.
 
O voo 175 caiu a 545 km por hora, atingindo o prédio entre os andares 77 e 85 e produzindo, com seus milhares de litros de combustível, um furor de fogo e calor intenso que chegou próximo aos 1.000 graus Celsius.
 
Apenas 56 minutos e 10 segundos após o impacto, a enorme torre de 110 andares desmoronou.
 
Senhoras e senhores senadores, repito e lembro aqui uma perturbadora semelhança entre a tragédia de Nova York e a quase tragédia de São Paulo.
 
O Boeing das Torres Gêmeas caiu sobre o prédio como uma bomba incendiária carregada com pouco mais de 30 mil litros de combustível.
 
Repito: 30 mil litros de combustível.
 
Os mesmos 30 mil litros do caminhão-tanque de São Paulo que rodava, desatinado, sob o controle ou o descontrole dos terroristas que corriam, sem destino, por uma rodovia federal cercada por civis e inocentes.
 
Devemos festejar que os nossos terroristas de São Paulo não estivessem tripulando um Boeing?
 
É menos grave que tivessem tomado apenas um caminhão-tanque com o mesmo potencial de morte inflamável que matou mais de três mil pessoas em Nova York no alvorecer do século 21?
 
 
Quantas mortes, quantos incêndios, quanto vandalismo e quanta destruição ainda precisamos aguardar para que se adotem as medidas necessárias para conter a onda de violência crescente que domina nossas rodovias, nossas avenidas, nossas praças, nossos noticiários de TV?
 
Qual a tragédia anunciada que estamos esperando, sem fazer nada?
 
O que mais assusta, tanto quanto a violência ativa de um bando de celerados, é a presença passiva das autoridades diante dos atos e fatos de ostensiva agressão à ordem pública e à paz das comunidades.
 
O que dá medo, o que intriga, o que não se explica, é a imagem de policiais e batalhões em forma, alinhados, enfileirados, apenas assistindo aos atos de violência, depredação e destruição do patrimônio privado e público, como se fossem meros transeuntes casualmente passando por perto.
 
As forças de segurança passivas disseminam a insegurança, estimulando ainda mais violência com sua inexplicável inação.
 
Um país traumatizado por 21 anos de violência de um regime autoritário parece, de repente, incapaz de discernir o que é um ato de mera e inaceitável repressão e o que é uma atitude de justa e inatacável defesa da ordem democrática.
 
Reprimir a violência absurda e sem sentido do grupo bandoleiro dos Black Blocs é um ato claro do Estado para a proteção e segurança da sociedade, acuada por quem só tem a violência como argumento. » Clique para continuar lendo

02 de novembro de 2013
Ricardo Setti - Veja

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