De maneira que a Petrobras perdeu dinheiro com uma ONG fundada por Delúbio Soares, prefiro começar como se o texto estivesse no meio porque parágrafos de abertura devem dizer algo surpreendente, e pilantragens financeiras envolvendo o tesoureiro do mensalão são tão previsíveis quanto a alternância das marés, a mudança das estações ou mais um assassinato do plural pelo presidente Lula.
Considerada até recentemente uma empresa moderna para os padrões brasileiros, a estatal sucumbiu à Era da Mediocridade depois de tomada de assalto pela companheirada. Pode ter caído na vida, sugere a reportagem publicada pelo Estadão na edição de domingo.
Entre outros negócios ─ como direi? ─ obscuros, o jornal resumiu a história de um convênio celebrado em 2007 entre a Petrobras e o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar, o Ifas, organização não-governamental fundada em 1985 por um grupo de petistas chefiado por Delúbio.
Homiziada numa casa modesta no centro de Goiânia, desprovida até da placa na fachada, a ONG já se metera num caso de desvio de verbas do INCRA quando a Petrobras topou contemplá-la com R$ 4 milhões.
No texto do acordo, ficou combinado que, em troca da verba, o Ifas ensinaria trabalhadores rurais de Minas, Bahia e Ceará a plantar mamona, dendê e girassol. Entusiasmados com os cifrões, os discípulos de Delúbio prometeram diplomar 3 mil famílias de pequenos agricultores, garantir-lhes assistência técnica e construir armazéns para hospedar a produção de bom tamanho: 5,5 mil toneladas de grãos.
Entusiasmada com as cifras que jamais sairiam do papel, a direção da Petrobras acelerou a liberação de R$ 1,6 milhão. Ninguém sabe que fim levou a bolada.
O formidável berreiro causado pela ideia de instaurar-se uma CPI da Petrobras informou que algo de errado ocorrera. Querem prejudicar a nação com estragos na imagem de uma empresa que é a cara do Brasil, emocionou-se o presidente Lula.
Querem privatizar a Petrobras, desconfiaram os neopelegos sindicalistas e subalternos de nascença como o ministro Edison Lobão. O petróleo é nosso, ecoaram devotos da seita petista e parlamentares da base alugada.
É nosso e ninguém tira, preveniram no centro do Rio os puxadores de cantoria de uma passeata em miniatura. Aí tem, deduziram até o mais desinformado frentista de posto de gasolina.
Tem até um convênio com Delúbio, sabe-se agora. De maneira que a coisa pode ficar feia ─ se o país recuperar a vergonha que sumiu no começo deste século.
02 de novembro de 2013
Augusto Nunes, Veja
Considerada até recentemente uma empresa moderna para os padrões brasileiros, a estatal sucumbiu à Era da Mediocridade depois de tomada de assalto pela companheirada. Pode ter caído na vida, sugere a reportagem publicada pelo Estadão na edição de domingo.
Entre outros negócios ─ como direi? ─ obscuros, o jornal resumiu a história de um convênio celebrado em 2007 entre a Petrobras e o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar, o Ifas, organização não-governamental fundada em 1985 por um grupo de petistas chefiado por Delúbio.
Homiziada numa casa modesta no centro de Goiânia, desprovida até da placa na fachada, a ONG já se metera num caso de desvio de verbas do INCRA quando a Petrobras topou contemplá-la com R$ 4 milhões.
No texto do acordo, ficou combinado que, em troca da verba, o Ifas ensinaria trabalhadores rurais de Minas, Bahia e Ceará a plantar mamona, dendê e girassol. Entusiasmados com os cifrões, os discípulos de Delúbio prometeram diplomar 3 mil famílias de pequenos agricultores, garantir-lhes assistência técnica e construir armazéns para hospedar a produção de bom tamanho: 5,5 mil toneladas de grãos.
Entusiasmada com as cifras que jamais sairiam do papel, a direção da Petrobras acelerou a liberação de R$ 1,6 milhão. Ninguém sabe que fim levou a bolada.
O formidável berreiro causado pela ideia de instaurar-se uma CPI da Petrobras informou que algo de errado ocorrera. Querem prejudicar a nação com estragos na imagem de uma empresa que é a cara do Brasil, emocionou-se o presidente Lula.
Querem privatizar a Petrobras, desconfiaram os neopelegos sindicalistas e subalternos de nascença como o ministro Edison Lobão. O petróleo é nosso, ecoaram devotos da seita petista e parlamentares da base alugada.
É nosso e ninguém tira, preveniram no centro do Rio os puxadores de cantoria de uma passeata em miniatura. Aí tem, deduziram até o mais desinformado frentista de posto de gasolina.
Tem até um convênio com Delúbio, sabe-se agora. De maneira que a coisa pode ficar feia ─ se o país recuperar a vergonha que sumiu no começo deste século.
02 de novembro de 2013
Augusto Nunes, Veja
PUBLICADO EM MAIO DE 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário